O que provoca na generalidade a maior observação dentro da
sociedade e das irmandades de presumida pureza são as atitudes dos outros, e
por muito honestas que possam ser, quase sempre são rotuladas de forma
pejorativa quando alimentadas pela rivalidade e pela cobiça. Todos estão
atentos aos caminhos que outros pisam dando grande relevo ao que os olhos vêm e
ouvidos ouvem, todavia o pensamento desses observadores e juízes dos outros,
poderá criar intentos muito mais graves e isso não os apoquenta pois agem às
ocultas. “Veem o cisco nos olhos dos
outros mas não veem a tranca no seu próprio olho”. A falsa moralidade não
reside naqueles que pouca importância dão aos atos por vezes simples e
irrefletidos, reside sobretudo naqueles que vestindo de hipocrisia impuseram
moralidade para disfarce da sua própria imoralidade. Este modelo é o Estado do Cultismo
no mundo.
O Pai do Paraíso não olha aos defeitos dos seus filhos, está
sempre pronto a perdoar e a conceder a regeneração dando prioridade ao Homem,
todavia o mesmo concede a todas as ordens da sua criação terrena. No Pai
Infinitamente Sábio há um propósito ainda muito distante do saber dos homens na
Terra. Essa ignorância auxilia os incensuráveis que vão promovendo os seus
privilégios, lá onde a mentira domina e falar da Verdade ateia o porquê do
medo. A obra da Deidade neste planeta foi desrespeitada até hoje desde há
muitos séculos, por quem se serviu dessa obra para interesses inconsistentes ao
fazer regredir o projeto, onde Pai Infinito e seus Altíssimos Servidores
colocaram todo o seu saber na promessa a conceder à humanidade da Terra. Isto
irá conduzir em breve a um acontecimento único que irá restaurar um princípio
iniciado há 2016 anos.
Sempre que acontecer um fim cria-se um novo princípio.
Conforme o Velho Testamento por duas vezes até hoje, recomeçou a Terra com uma
nova humanidade. Na primeira vez Deus criou os primeiros habitantes da Terra,
Adão e Eva a quem Deus disse: “Frutificai, multiplicai-vos e enchei a Terra”.
Na segunda vez o dilúvio destruiu todos os homens, salvo Noé e a sua família, e
então disse Deus a Noé: “Todos os seres vivos são vindos perante a minha face
porque a Terra está cheia de violência”. Havendo uma terceira vez o que dirá
Deus? A iniquidade, a injúria e a violência entre os habitantes na Terra é cada
vez em maior número, assim é forçoso um novo acontecimento que dê lugar a uma
nova humanidade e Creio na autorização para ser construída uma arca para acolher
os humildes e os íntegros depositários de uma aliança que não se perdeu em
todas as existências do Homem na ligação com a Divindade. Em todas as dimensões
na obra da Deidade no espaço-tempo, há uma proporção que também se verifica, e
não é acaso, entre a Arca de Noé e a Arca da Aliança dando um único indício:
nove (9), igualmente este sinal
existe nos que irão entrar na “Arca da Renovação” a ancorar na Terra Prometida.
Creio firmemente na existência de um brado que manifeste o
silêncio Infinito do Pai, ao abeirarmos o Seu mais próximo ancoradouro: O Pai
Criador deste Universo ao qual poderão estar mais acessíveis as mais modestas
aptidões espirituais. Qual o caminho não preocupa, embora saiba não ter direção
nem definição capaz ao entendimento, porque todos eles levam ao mesmo lugar,
mesmo andando por outros lugares, uma vez que a Terra não é o ponto fundamental
de referência, no caminho para a morada no centro deste Universo. A referência
está no âmago do Humano logo que realizada, e esta glorificação intervém na
Mente e se manifesta no coração, e isso está em todo o lugar onde se encontra e
aonde se exteriorize em Amor, assim não precisa de caminho para qualquer
santuário, pois ele é o próprio santuário. Nos peregrinos íntegros o templo vai
neles para todo o lugar e nada os insinua a pagar uma promessa. Todos os
caminhos tendo a Verdade vão dar à casa do Pai. Os caminhos difundidos pela
cegueira não dão a parte nenhuma. “Quando
cegos conduzem cegos irão todos cair no abismo”. Só descobrem depois da
queda e o lamento não é escutado.
Não se sabe através do Velho Testamento qual a religião de
Noé. Poderia concluir ser um Hebreu; na análise da tradição judaica em apelidar
de ímpios os outros povos em ato de discriminação que não se ajusta na aliança
com a Deidade e Sua retidão. Contudo na interpretação dos escritores das
legislações bíblicas parece haver distinção: segundo as diretrizes de Deus
ditas a Noé, os animais recolhidos na arca se fossem animais puros “sete machos
e sete fêmeas” de cada espécie, e se fossem animais impuros dois, “o macho e
sua fêmea”. O que confunde na suposta ordem de Deus é não ser autorizado outro
homem e mulher a entrar na arca, com exceção de Noé e sua família; desta terá
surgido uma nova humanidade? Mas para que não fossem extintos pelo dilúvio os
animais tiveram acesso à “Arca de Noé”. Esta palavra cede a muitas perguntas
sem resposta, seja na interpretação ao comportamento dos homens excluídos, seja
no fundamentalismo de quem escreveu essa passagem bíblica. Os tempos mudam mas
não as intenções, pois ouve sempre o propósito na ação de uns em confundir o
pensamento no trabalho de outros, numa reprodução permanente da Torre de Babel,
e isto é patente em muitos ao darem a sua designação na edificação de uma
igreja: assim como Pedro a primeira pedra, não lhes faltaria a certeza que essa
edificação seria para “fazer a vontade do Pai”? E com ela levantar a vontade
nos homens para edificarem internamente a religião do espírito! Porém a recusa
da “Pedra Angular” de muitas edificações sumptuosas tanto como arrogantes se
transfiguraram em destroços, afins de uma ruína antiga.
Na “Arca da Renovação” muitos não terão entrada, em
consequência da consciente repetição de conduta rebelde contra a obra do Pai
Criador neste planeta. Ao contrário dos homens, os animais entraram na “Arca de
Noé”. Unicamente a Família que soube fazer a vontade do Pai terá livre-trânsito
para permanecer na Terra, renovando agora as qualidades alcançadas na idade do
residente interno, pois foi dito: “Feliz
daquele que era, antes de ter existido no mundo”... “Se fordes meus discípulos
e realizardes as minhas palavras, estas pedras vos servirão. Há no vosso
paraíso cinco árvores que não se agitam no verão e no inverno e cujas folhas
não caem; quem as conhecer, esse não provará a morte”. Muitos dos homens na
Terra antes de nascer não eram alma imortal emanada do Divino, porém tudo
poderá ser regenerado quando os cinco sentidos se moldarem na experiência de
positiva resultante entre a luta do bem contra o mal e na procura ou no
reencontro de valores para além da vida material. Para os que se unificaram no
espírito, a natureza e mesmo as pedras, estarão disponíveis para servir quando
solicitadas.
Poucos sabem quem é o nosso PAI CRIADOR, mediante isso não
estranho que lhe tenham voltado costas em terras de religião Cristã,
designadamente em Portugal. Aqui se assiste com muito pesar à substituição do
Soberano Supremo desta Galáxia pela imagem feminina representativa de uma
aparição da qual pouco se sabe em concreto; embora afirmem ter sido a mãe de
Jesus. A Sua mãe terrena pelo que se observa é mais fácil contactar,
comparativamente à Grandeza Divina que habitou Joshua Ben José, filho de Maria
de Nazaré. A crise em Portugal gerou movimento de medo baseado na luta pela
continuidade do bem-estar físico, e nesse sentido se expressaram a maioria dos
pedidos dos peregrinos, esquecendo eles que para além do pão de cada dia a
dádiva mais importante do Divino é o alimento para a alma imortal e isso não
fez parte da maioria dos pedidos de oração. Os que têm pouco, temem perder, e
os que possuem muito, mais desejam possuir.
Também em nome da Divindade em muito lugar de culto acontece
o contraditório, os padecentes enriquecem os poderosos, pois a ânsia do
proveito não conhece termo. Dá-me a sensação que a fé em muitos lugares opera
como moeda de troca e naquele lugar concorrido o comércio de velas e de tudo o
mais é custeado pelos crentes. A Fé é acreditar no Pai Infinito de Amor,
Misericórdia e Perdão, mas sem O ver. Os homens ainda não assimilaram as
palavras do Pai Criador ao dizer: “Porque
andais preocupados, de manhã até à noite e de noite até de manhã com o que
haveis de comer e vestir; lembrai-vos que as aves do campo não semeiam mas têm
alimento diário e também os lírios do campo que não tecem nem fiam, e nem
Salomão se vestiu como eles”. A falsa fé e a cobiça cega são por isso que
muitos não vêm.
Se a boa semente, mesmo a mais pequena, ao cair em boa terra
que o homem trabalhe com dedicação e desprendimento, fará crescer uma árvore
que se “transforma em abrigo para as aves
do céu”. Esta é a imagem para o
crescimento da imortalidade na alma e poderá construir-se intimamente se houver
integridade e humildade. Nessa construção não devemos falsear a nós mesmos e
não ter práticas reprováveis porque nada se pode ocultar que não venha a
manifestar-se, particularmente neste fim onde o Bem e o mal estão a ser
revelados para se outorgar distinto princípio. Se o homem se deixou comer pelo
mal ele é o mal; mas se o homem se deixou comer pelo Bem, ele é o Bem. A
Filosofia Oriental diz que o homem deve “comer o mundo”, isto é, servir-se do
mundo e apropriando-se dele para seu progresso espiritual; mas ai do homem que
se deixa “comer pelo mundo”. Podemos ser solidários com os homens e com as
coisas do mundo sem haver o perigo de nos perdermos e se soubermos estar
solitários, mas contendo o Reino da vontade do Pai.
Certo dia o Pai Criador na presença de alguns dirigentes
Judeus durante uma refeição contou uma história: “Um homem poderoso fez um grande banquete e
para o qual fez muitos convites, chegada a hora do banquete enviou os seus
servos para que fossem junto dos que tinham sido convidados e lhes dissessem
para vir, pois tudo estava pronto para servir o banquete. E em consonância
foram dando desculpas. Contactado o primeiro dos convidados disse: Acabo de
comprar uma fazenda e é importante que eu a analise; peço que me dispense de
comparecer. O segundo convidado disse: Comprei dez bois, e vou ao vendedor para
os receber; peço que me dispense de comparecer. E o terceiro disse: Acabo de me
casar e logo não posso ir; peço que me dispense de comparecer. Igualmente os
demais convidados pediram dispensa de comparecer. E assim os servos regressaram
a casa do seu senhor e o informaram do ocorrido.
Quando o senhor da casa escutou os recados trazidos pelos
enviados ao seu serviço, ficou muito entristecido, e voltando-se para os seus
servos disse: preparei este banquete para os meus convidados e os animais mais
nutridos foram mortos estando tudo pronto, mas eles subestimaram o meu convite;
cada qual foi para as suas terras e para os seus negócios, e até mostram
desrespeito para com os que enviei em meu nome e os convidaram para a minha
festa. Ide rapidamente até às ruas e quelha das cidades, às estradas e às
vielas, e convidai os simples e os humildes, os pobres e os desterrados, os
cegos e os coxos, para que o banquete
possa ter convidados. E os servos fizeram como mandou o seu senhor, e mesmo
assim, ainda havia espaço para mais convidados. E, então, disse o senhor aos
seus mandatários: Ide às estradas e aos campos, e convencei aqueles que lá
estão para vir e a minha casa possa ficar cheia. E agora eu declaro que nenhum
dos que foram convidados inicialmente e rejeitaram o meu convite provará deste
meu primeiro banquete. Muitos
serão convidados mas poucos serão os escolhidos”.
O Pai Criador nesta parábola faz
ver que as prioridades nas ocupações mundanas e as falsidades são o grande
obstáculo que impede os homens de escutarem o convite para a realização do
Reino da vontade do Pai dentre deles. Ele destruiu muito egocentrismo
demonstrando invulgar e superior grandeza, mesmo assim descreram uns e se perverteram
outros. Embora pareça impossível à maioria, o Pai Criador é uma presença
discreta a dar testemunho vivo da sua “Arca da Renovação”, mas também disse: “Feliz do homem que foi submetido à prova
pela experiência – porque ele encontrou a vida”. Para alguns o tesouro
tornou-se visível, enquanto outros não podem chegar facilmente ao tesouro para
eles invisível. A lealdade torna o homem humilde, a sobranceria torna o homem
insolente.
Antão (gnóstico) 11-05-2012