terça-feira, 24 de julho de 2012

A Vida no futuro da Terra, vinda da Luz e guiada no sopro do espírito


O Pai Creador quando viveu na Terra não conseguiu transmitir uma definição precisa sobre o Reino em consequência dos efeitos individuais da religião mesmo naqueles que o seguiram. Tanto falou em Reino como na irmandade do Reino que doutrina o carácter dos homens; ou seja, transmitir um sentimento mais elevado tendo em conta a condição de humano. Todavia o Reino não é só o sentimento humano, é também a experiência que acrescenta vida ao espírito ao fazer ligação com Deus, o Pai. Isso iria conduzir à sementeira da fraternidade e fazê-la crescer até dar fruto em atos que façam a “Vontade do Pai”. Esta atuação em exteriorizar o Espírito do Pai residente no homem levaria ao avanço para o alvorecer de uma nova ordem social; na próxima era da humanidade. O Pai Creador soube, sem margem para dúvidas, que alguns resultados sociais altruístas iriam aparecer no mundo em consequência do projeto do Reino que é fazer a vontade do Pai, no propósito individual do homem. A intenção era que todas as manifestações sociais pretendidas aparecessem de um resultado congénito e indeclinável. A experiência interior individual, dentro de uma comunidade puramente espiritual em comunhão com o Espírito Divino, se residente, animaria todos os crentes no caminho para o Pai Creador.


Lembro que o Pai Creador disse: “Ninguém vai ao Pai se não for por Mim”; ninguém chegaria ao Pai do Paraíso, Deus, se não passasse pelo Pai Creador e Soberano no centro desta Galáxia. A Ilha do Paraíso é o centro-início de todas as galáxias. A humanidade na Terra nunca fez uma análise real e empenhada sobre a obra nos universos e as ideias impulsionadoras nela contidas, mediante o propósito dos ideais Divinos da doutrina do Pai Creador sobre o tema Reino do céu. Mas não deveríamos ficar desencorajados por causa do progresso aparentemente moroso na realização do Reino na Terra. Devemos lembrar que a ordem da evolução progressiva está sujeita a mudanças periódicas súbitas e imprevisíveis, no mundo material como no espiritual. Podemos compará-la com a vinda súbita e imprevisível do Pai Creador como um filho mortal da Terra. Esse acontecimento foi estranho e mesmo incompreensível, não só na região onde nasceu como em toda a Terra. Foi ao mesmo tempo um acontecimento inédito na vida espiritual da humanidade. Também não deveríamos, ao procurarmos pela manifestação do Reino e não a acharmos no tempo presente, vimos a cometer o erro desastroso de deixar de realizar nas nossas almas imortais o estabelecimento desse mesmo Reino.


Também há uma certeza, naquele tempo os que ouviram o Mestre e o acompanharam estabeleceram uma ligação, de certo modo dissociada, acerca dos ensinamentos sobre o Reino. Daí porém, quando o Reino não foi concretizado como eles esperavam, então, ao recapitularem o ensinamento do Mestre a respeito de um Reino futuro e da sua promessa de voltar um dia, precipitaram-se na conclusão de que essa informação se referia a uma ocorrência idêntica àquela que teve início no reaparecimento depois da morte e tinha finalizado no dia da Sua partida da Terra. Este raciocínio levou-os, creio que não todos, a viver na esperança de uma segunda vinda e imediata do Pai Creador, para estabelecer o Reino na sua plenitude, com poder e glória. E com base nesta ideia, as gerações sucessivas de crentes nesse Pai, alimentaram igualmente essa mesma esperança inspiradora de um mundo melhor. Porém, o plano da trilha inspiradora foi pouco abrangente e até hoje fora dececionante. A matéria é a sombra do espiritual – a temporalidade é a sombra do eterno.

Não podemos comparar religião como sinónimo de saber, pois há segredos que só podem estar na mente do homem que verdadeiramente encontrar a realidade no Pai, se a procurar com fé saberá com relatividade como se deu o princípio. Hoje sabemos que o Pai Creador previu que uma organização social, ou religião, sucederia ao verdadeiro Reino espiritual impedindo o seu progresso, e por isso é que ele nunca se opôs a que os apóstolos praticassem o ritual do batismo de João. O Pai Creador demonstrou que o espírito verdadeiramente adorador da Verdade, aquele que tem fome e sede de retidão, e de Deus, é admitido no Reino espiritual ao acreditar sem ver, a fé. Ausente o Mestre, com a exceção dos que se separam de Pedro e dos quatro que com ele ficaram em Jerusalém, estes apóstolos ensinavam que o crente seria admitido dentro da organização social dos discípulos por intermédio do ritual exterior do batismo. Durante os primeiros séculos da propaganda cristã, a ideia do Reino do céu foi tremendamente influenciada pelas noções do idealismo grego alastrando-se rapidamente.


Esse enfraquecimento foi verificado com múltiplas decisões e foram ainda agravadas, três séculos depois, com o ressurgir de uma religião que já fez história com os presumidos protótipos da construção de um Reino na Terra que conduzisse à paz, ao amor e à fraternidade, vindo a suceder exatamente o contrário. Vieram substituir o ensinamento dado pelo Pai Creador no qual Ele tinha entrosado as ideias morais com os ideais do espírito residente para que fossem elevados os valores do homem, e neles a mais sublime esperança quanto ao seu futuro a caminho da Vida Eterna. Esta é a boa-nova do Reino futuro. O ensinamento do Pai Creador tinha muitas e diferentes facetas, por isso, em poucos séculos, os letrados sobre os indícios desse ensinamento dividiram-se em muitos cultos e seitas. Essa lamentável divisão, presente entre as várias tendências cristãs, resultam da incapacidade de discernir os múltiplos ensinamentos do Mestre, durante a sua incomparável vida na Terra em união com o Divino. Entretanto chegará o dia, e aqueles que acreditam verdadeiramente no Pai Creador não estarão divididos espiritualmente nem se confrontarão com os que poderão vacilar. Poderemos constatar diferenças de compreensão intelectual e de interpretação, e mesmo níveis variados de graus sociais, mas a falta de fraternidade espiritual entre estes não é apenas imperdoável é também reprovável.

Apareceu consistente ao conhecimento, que o Pai Creador se tenha referido a uma fase futura para o reaparecimento do Reino e tenha dito, em inúmeras ocasiões, que esse acontecimento poderia surgir em consequência de uma crise mundial causadora de excessivo enfraquecimento das tradições religiosas e dos costumes na maior parte da humanidade. Embora tenha prometido com firmeza, em várias ocasiões, que iria voltar à Terra, seria oportuno assinalar que ele nunca condicionou uma ideia forçosamente à outra. Ele prometeu uma nova revelação do Reino do céu na Terra em tempo futuro, mas também prometeu voltar a este mundo, de dia ou noite conforme o lugar na Terra; mas também não disse que estes dois acontecimentos eram simultâneos. Era bom que fosse! De tudo o que sabemos por agora, essas promessas poderão, ou não, referir-se à mesma ocasião; essa crise mundial poderá ser igualmente um sinal indicador para o momento da efectuação do Reino da Vontade do Pai e da derradeira vinda do Pai Creador como prometeu, mas não sabemos rigorosamente como se irá manifestar à humanidade.


Não nos ceguemos no contraditório! Pois devemos saber que fez parte dos ensinamentos do Pai Creador, a existência de uma alma eterna que não permitirá que as grandezas do Reino permaneçam infrutíferas para sempre no caráter dos homens dotados de inteligência e vontade. O Reino, como Ele o concebeu, fracassou amplamente na Terra. Todavia no passado agora distante - não estritamente uma religião - mas uma igreja primitiva, ainda sem título de honra (D.) tomou o seu lugar; porém devemos compreender que essa igreja foi apenas a fase larvar do Reino espiritual obstruído, conduzindo-a na alongada era material até que venha conceder maior espiritualismo, no qual os ensinamentos do Pai Creador podem desfrutar de uma oportunidade mais ampla e se desenvolver actualmente com outra amplitude. A chamada igreja primitiva do século I, se transformou em crisálida dentro da qual o conceito do Reino ensinado pelo Filho do Homem está por agora adormecido. O Reino da Irmandade Divina ainda está vivo, e finalmente irá sair dessa longa submersão, tal como a borboleta que por fim surge, de uma criatura menos atraente, a crisálida, em desdobramento de beleza, e fruto de um desenvolvimento metamórfico como nas legislações afetas a todas as Naturezas.


Não irá tardar que seja manifestado de molde potencial a missão de um embaixador do Reino. Proclamando que o Reino da vontade de Deus, o Pai, está à porta, e propor-se a dizer que irá ressurgir o conceito espiritual extraordinário do Pai Creador; como se sabe residiu no homem chamado Joshua que afirmou: “O Reino é fazer a vontade do Pai”, e essa vontade deverá ser dominante e transcendente na mente daquele que acredita. Esse embaixador irá fazer tudo isso não mencionando a participação das religiões estabelecidas na Terra nem à antecipada segunda vinda do Mestre. É necessário que aconteça o renascimento dos ensinamentos do Filho do Homem sobre a Verdade do Reino e reafirma-la com profundo saber, de modo a apagar de vez as presumíveis afirmações sobre o Reino, iniciadas por alguns dos primeiros seguidores do Mestre, que ao voltar costas a esse compromisso veio influenciar um sistema filosófico social, de crenças exclusivamente formadas em torno da vida terrena do Mestre. Pouco tempo depois da partida do Soberano Supremo deste Universo /galáxia, veio a verificar-se que a história sobre a vida do Filho do Homem quase suplantou os Seus ensinamentos sobre o Reino.

O sentido dos ideais do Filho do Homem, articulado com os ensinamentos sobre os princípios do Reino, quase deixara de ser realizados, pois os seus seguidores distorciam progressivamente a comunicação contida nele. O conceito do Reino anunciado pelo Mestre, foi largamente modificado por duas grandes tendências: os crentes judeus persistiam em considerá-lo o Messias, eles acreditavam que Joshua retornaria de facto, e muito em breve, para estabelecer um reino mundial e mais ou menos material; os crentes gentios começaram muito cedo a aceitar as doutrinas de Paulo, que levavam cada vez mais à convicção geral de que Joshua era o Redentor dos filhos da igreja, e esta seria a substituta institucional do conceito inicial da irmandade do Reino do espírito.

A religião como produto social do Reino da vontade do Pai teria sido plenamente natural e mesmo desejável. Contudo, o mal da religião não veio da sua existência, mas por transformar na totalidade a ideia transmitida pelo Pai Creador sobre o que é o Reino. A religião fundada por Paulo que depois veio a institucionalizar-se tornou-se uma substituta imaginária do Reino; o proclamado pelo Filho do Homem. Contudo não devemos duvidar. Esse Reino do céu ao qual o Pai Creador dedicou a sua vida na Terra, e disse existir dentro do homem com fé, ainda será proclamado à igreja cristã e a todas as outras igrejas, raças e nações da Terra; bem como a todos os indivíduos sem exceção. Com isto se entende uma das causas que têm vindo a enfraquecer e a desnudar as religiões, e possamos ver o que era dissimulado no que dizem ser a revelação dos mistérios de Deus ao homem.

Antão (gnóstico) 28-06-2012