O Pai Creador quando viveu na Terra não conseguiu transmitir uma
definição precisa sobre o Reino em consequência dos efeitos individuais da
religião mesmo naqueles que o seguiram. Tanto falou em Reino como na irmandade
do Reino que doutrina o carácter dos homens; ou seja, transmitir um sentimento
mais elevado tendo em conta a condição de humano. Todavia o Reino não é só o
sentimento humano, é também a experiência que acrescenta vida ao espírito ao
fazer ligação com Deus, o Pai. Isso iria conduzir à sementeira da fraternidade
e fazê-la crescer até dar fruto em atos que façam a “Vontade do Pai”. Esta atuação
em exteriorizar o Espírito do Pai residente no homem levaria ao avanço para o
alvorecer de uma nova ordem social; na próxima era da humanidade. O Pai Creador soube, sem margem para dúvidas,
que alguns resultados sociais altruístas iriam aparecer no mundo em
consequência do projeto do Reino que é fazer a vontade do Pai, no propósito
individual do homem. A intenção era que todas as manifestações sociais pretendidas
aparecessem de um resultado congénito e indeclinável. A experiência interior
individual, dentro de uma comunidade puramente espiritual em comunhão com o
Espírito Divino, se residente, animaria todos os crentes no caminho para o Pai Creador.
Lembro que o Pai Creador
disse: “Ninguém vai ao Pai se não for por Mim”; ninguém chegaria ao Pai do
Paraíso, Deus, se não passasse pelo Pai Creador
e Soberano no centro desta Galáxia. A Ilha do Paraíso é o centro-início de
todas as galáxias. A humanidade na Terra nunca fez uma análise real e empenhada
sobre a obra nos universos e as ideias impulsionadoras nela contidas, mediante
o propósito dos ideais Divinos da doutrina do Pai Creador sobre o tema Reino do céu. Mas não deveríamos ficar
desencorajados por causa do progresso aparentemente moroso na realização do
Reino na Terra. Devemos lembrar que a ordem da evolução progressiva está
sujeita a mudanças periódicas súbitas e imprevisíveis, no mundo material como
no espiritual. Podemos compará-la com a vinda súbita e imprevisível do Pai Creador como um filho mortal da Terra.
Esse acontecimento foi estranho e mesmo incompreensível, não só na região onde
nasceu como em toda a Terra. Foi ao mesmo tempo um acontecimento inédito na
vida espiritual da humanidade. Também não deveríamos, ao procurarmos pela
manifestação do Reino e não a acharmos no tempo presente, vimos a cometer o
erro desastroso de deixar de realizar nas nossas almas imortais o
estabelecimento desse mesmo Reino.
Também há uma certeza, naquele
tempo os que ouviram o Mestre e o acompanharam estabeleceram uma ligação, de
certo modo dissociada, acerca dos ensinamentos sobre o Reino. Daí porém, quando
o Reino não foi concretizado como eles esperavam, então, ao recapitularem o
ensinamento do Mestre a respeito de um Reino futuro e da sua promessa de voltar
um dia, precipitaram-se na conclusão de que essa informação se referia a uma
ocorrência idêntica àquela que teve início no reaparecimento depois da morte e
tinha finalizado no dia da Sua partida da Terra. Este raciocínio levou-os,
creio que não todos, a viver na esperança de uma segunda vinda e imediata do
Pai Creador, para estabelecer o Reino
na sua plenitude, com poder e glória. E com base nesta ideia, as gerações
sucessivas de crentes nesse Pai, alimentaram igualmente essa mesma esperança
inspiradora de um mundo melhor. Porém, o plano da trilha inspiradora foi pouco abrangente
e até hoje fora dececionante. A matéria é a sombra do espiritual – a
temporalidade é a sombra do eterno.
Não podemos comparar religião como sinónimo de saber, pois
há segredos que só podem estar na mente do homem que verdadeiramente encontrar
a realidade no Pai, se a procurar com fé saberá com relatividade como se deu o
princípio. Hoje sabemos que o Pai Creador previu que uma organização social,
ou religião, sucederia ao verdadeiro Reino espiritual impedindo o seu
progresso, e por isso é que ele nunca se opôs a que os apóstolos praticassem o
ritual do batismo de João. O Pai Creador
demonstrou que o espírito verdadeiramente adorador da Verdade, aquele que tem
fome e sede de retidão, e de Deus, é admitido no Reino espiritual ao acreditar
sem ver, a fé. Ausente o Mestre, com a exceção dos que se separam de Pedro e
dos quatro que com ele ficaram em Jerusalém, estes apóstolos ensinavam que o
crente seria admitido dentro da organização social dos discípulos por
intermédio do ritual exterior do batismo. Durante os primeiros séculos da
propaganda cristã, a ideia do Reino do céu foi tremendamente influenciada pelas
noções do idealismo grego alastrando-se rapidamente.
Apareceu
consistente ao conhecimento, que o Pai Creador
se tenha referido a uma fase futura para o reaparecimento do Reino e tenha dito,
em inúmeras ocasiões, que esse acontecimento poderia surgir em consequência de uma crise
mundial causadora de excessivo enfraquecimento das tradições religiosas
e dos costumes na maior parte da humanidade. Embora tenha prometido com firmeza, em várias ocasiões, que iria voltar
à Terra, seria oportuno assinalar que ele nunca condicionou uma ideia
forçosamente à outra. Ele prometeu uma nova revelação do Reino do céu na Terra
em tempo futuro, mas também prometeu voltar a este mundo, de dia ou noite
conforme o lugar na Terra; mas também não disse que estes dois acontecimentos
eram simultâneos. Era bom que fosse! De tudo o que sabemos por agora, essas
promessas poderão, ou não, referir-se à mesma ocasião; essa crise mundial
poderá ser igualmente um sinal indicador para o momento da efectuação do Reino
da Vontade do Pai e da derradeira vinda do Pai Creador como prometeu, mas não sabemos rigorosamente como se irá
manifestar à humanidade.
Não nos ceguemos no contraditório! Pois devemos saber que fez parte dos ensinamentos do Pai Creador, a existência de uma alma eterna que não permitirá que as grandezas do Reino permaneçam infrutíferas para sempre no caráter dos homens dotados de inteligência e vontade. O Reino, como Ele o concebeu, fracassou amplamente na Terra. Todavia no passado agora distante - não estritamente uma religião - mas uma igreja primitiva, ainda sem título de honra (D.) tomou o seu lugar; porém devemos compreender que essa igreja foi apenas a fase larvar do Reino espiritual obstruído, conduzindo-a na alongada era material até que venha conceder maior espiritualismo, no qual os ensinamentos do Pai Creador podem desfrutar de uma oportunidade mais ampla e se desenvolver actualmente com outra amplitude. A chamada igreja primitiva do século I, se transformou em crisálida dentro da qual o conceito do Reino ensinado pelo Filho do Homem está por agora adormecido. O Reino da Irmandade Divina ainda está vivo, e finalmente irá sair dessa longa submersão, tal como a borboleta que por fim surge, de uma criatura menos atraente, a crisálida, em desdobramento de beleza, e fruto de um desenvolvimento metamórfico como nas legislações afetas a todas as Naturezas.
Não irá tardar que seja manifestado de molde potencial a
missão de um embaixador do Reino. Proclamando que o Reino da vontade de Deus, o
Pai, está à porta, e propor-se a dizer que irá ressurgir o conceito espiritual
extraordinário do Pai Creador; como
se sabe residiu no homem chamado Joshua que afirmou: “O Reino é fazer a vontade
do Pai”, e essa vontade deverá ser dominante e transcendente na mente daquele
que acredita. Esse embaixador irá fazer tudo isso não mencionando a
participação das religiões estabelecidas na Terra nem à antecipada segunda
vinda do Mestre. É necessário que aconteça o renascimento dos ensinamentos do
Filho do Homem sobre a Verdade do Reino e reafirma-la com profundo saber, de
modo a apagar de vez as presumíveis afirmações sobre o Reino, iniciadas por
alguns dos primeiros seguidores do Mestre, que ao voltar costas a esse
compromisso veio influenciar um sistema filosófico social, de crenças
exclusivamente formadas em torno da vida terrena do Mestre. Pouco tempo depois
da partida do Soberano Supremo deste Universo /galáxia, veio a verificar-se que
a história sobre a vida do Filho do Homem quase suplantou os Seus ensinamentos
sobre o Reino.
O sentido dos ideais do Filho do Homem, articulado com os
ensinamentos sobre os princípios do Reino, quase deixara de ser realizados,
pois os seus seguidores distorciam progressivamente a comunicação contida nele.
O conceito do Reino anunciado pelo Mestre, foi largamente modificado por duas
grandes tendências: os crentes judeus persistiam em considerá-lo o Messias,
eles acreditavam que Joshua retornaria de facto, e muito em breve, para
estabelecer um reino mundial e mais ou menos material; os crentes gentios
começaram muito cedo a aceitar as doutrinas de Paulo, que levavam cada vez mais
à convicção geral de que Joshua era o Redentor dos filhos da igreja, e
esta seria a substituta institucional do conceito inicial da irmandade do Reino
do espírito.
A religião como produto social do Reino da vontade do Pai
teria sido plenamente natural e mesmo desejável. Contudo, o mal da religião não
veio da sua existência, mas por transformar na totalidade a ideia transmitida
pelo Pai Creador sobre o que é o
Reino. A religião fundada por Paulo que depois veio a institucionalizar-se
tornou-se uma substituta imaginária do Reino; o proclamado pelo Filho do Homem.
Contudo não devemos duvidar. Esse Reino do céu ao qual o Pai Creador dedicou a sua vida na Terra, e
disse existir dentro do homem com fé, ainda será proclamado à igreja cristã e a
todas as outras igrejas, raças e nações da Terra; bem como a todos os
indivíduos sem exceção. Com isto se entende uma das causas que têm vindo a
enfraquecer e a desnudar as religiões, e possamos ver o que era dissimulado no
que dizem ser a revelação dos mistérios de Deus ao homem.
Antão (gnóstico) 28-06-2012