quarta-feira, 11 de agosto de 2010

As religiões

As religiões do mundo têm duas origens: a espontânea e a da revelação. Em qualquer época e na memória de qualquer povo, podem ser encontradas três formas distintas de devoção religiosa. São três as manifestações do impulso religioso:

1. A religião primitiva - O impulso espontâneo e instintivo de temer as energias inexplicáveis e de adorar as forças superiores, sobretudo numa religião de natureza física, a religião do medo.

2. A religião da civilização - Os conceitos e as práticas religiosas que avançaram das raças civilizadas - a religião da mente - a teologia intelectual cuja autoridade é a tradição religiosa preestabelecida no início da sua implementação.

3. A verdadeira religião - A revelação dos valores espirituais acima dos valores naturais, uma visão com uma percepção, ainda limitada, das realidades eternas, um vislumbre da bondade e da beleza do carácter infinito do Pai do céu: a religião do espírito, tal como fica demonstrada na experiência humana.

Antão/Tear

A Religião do Espírito

Os discípulos Dele seguramente ouviram isto? E hoje em espírito rememorar.

Ele nos convocou a nascer de novo, a renascer do espírito. Ele nos tirou das trevas do autoritarismo e do marasmo da tradição, para nos enviar à luz transcendente da realização na possibilidade de fazermos, em nós próprios, a maior descoberta que é possível à alma humana realizar - a experiência suprema de encontrar Deus, dentro de nós próprios, e usando os nossos próprios métodos, e fazer de tudo isto, um acontecimento na nossa própria experiência pessoal.
Ele disse que passaríamos da morte para a vida, do autoritarismo da tradição para a experiência de conhecer Deus; assim passaríamos das trevas à luz, da fé herdada de um povo ou de uma civilização, para uma fé pessoal conquistada pela experiência concreta. E, por esse meio, progredirmos de uma teologia da mente, herdada dos nossos antepassados, a uma verdadeira religião do espírito que será edificada nas almas como um dom eterno.

A religião passará da elementar crença intelectual na autoridade dos hábitos, para a experiência da fé viva, capaz de captar a realidade de Deus e tudo o que está relacionado ao espírito divino do Pai. A religião do intelecto vincula-nos irremediavelmente ao passado. A religião do espírito consiste na revelação progressiva e desafia a realizações mais elevadas e mais santificadas, de ideais espirituais e de realidades eternas.

As religiões da autoridade podem transmitir uma sensação de segurança estável, e nessa satisfação efémera pagamos o preço da perda da liberdade espiritual e da liberdade religiosa. O Pai não exige como condição de entrada no Reino do céu, serem forçados a aceitar religiões inundadas de interesses, espiritualmente repugnantes e profanas.

Não é exigido que o próprio juízo de misericórdia, justiça e verdade deva ser ultrajado pela submissão a um sistema de formas religiosas e de cerimónias transitórias. A religião do espírito dá independência para seguir a verdade até onde o nosso espírito nos possa conduzir. E quem poderá aquilatar isso? É o mesmo espírito que no passado teve alguma coisa a comunicar a outras gentes, e que outras gerações tenham recusado a escutar.

É vergonhosa a atitude dos falsos instrutores religiosos que arrastem as almas famintas de volta ao passado, distante e obscuro e que lá as deixem! E assim essas desventuradas pessoas ficam condenadas e atemorizadas em presença das novas descobertas, aquelas que foram anunciadas para a construção de um Reino de Amor na Terra. Suspeitam da nova revelação da verdade porque não veio de uma via religiosa da sua crença.

O homem que disse: "Toda a gente que permanece com Deus será mantido em perfeita paz", não era um simples crente intelectual da teologia autoritária. Esse ser humano, conhecedor da verdade, tinha descoberto Deus; ele não estava simplesmente a falar de Deus.

É aconselhável desistir da prática de citar sempre os casuístas religiosos de outrora e de louvar os heróis das escrituras e dos mitos humanos; em vez disso aconselha-se que devemos decidir tornar-nos os crentes vivos do Supremo e heróis espirituais do Reino que se revelará brevemente. Enaltecer os mentores conhecedores de Deus do passado, pode de facto valer a pena, mas ao fazer isto sacrificaremos a experiência suprema da existência humana: encontrarmos Deus em nós próprios e conhecê-Lo dentro das nossas próprias almas.

Cada civilização tem a sua própria abordagem espiritual acerca da existência humana e, assim, as religiões do intelecto devem ser fiéis aos diversos pontos de vista das respectivas culturas. As religiões autoritárias nunca poderão contribuir para a unificação. A unidade humana e a fraternidade entre os mortais somente podem ser alcançadas por meio da grande virtude dada pela religião do espírito.


Os humanos podem divergir no seu idealismo, mas, por princípio, toda a humanidade é habitada pelo espírito divino e eterno. A esperança na fraternidade humana só pode ser realizada quando, concretamente, as religiões intelectuais, autoritárias e divergentes forem vencidas e ofuscadas pela religião unificadora e enobrecedora do espírito: a religião da experiência espiritual pessoal.


As religiões da autoridade sempre favoreceram a divisão dos homens, arregimentados em pelejas conscientes uns contra os outros. A religião do espírito, progressivamente, congregará os homens e os levará a tornar-se compreensivos e compassivos uns para com os outros.


As religiões autoritárias exigem dos homens uniformidade na crença, mas isso é impossível de ser alcançado no estado presente das discordâncias no mundo. A religião do espírito requer apenas unidade de experiência - uniformidade de objectivo - permitindo a plena diversidade de crenças. A religião do espírito requer uniformidade apenas de visão, não a uniformidade de ponto de vista nem da evidência.

A religião do espírito não requer uniformidade de ponto de vista intelectual, requer apenas a unidade dos sentimentos espirituais. As religiões da autoridade cristalizam-se em credos sem vida; a religião do espírito cresce em alegria e na liberdade dos feitos enobrecedores, no serviço do amor e na oferta da misericórdia.

Nunca devemos esquecer que só há uma aventura que pode ser a mais satisfatória e emocionante: a de tentar descobrir a vontade do Pai na vida diária, e essa é a experiência suprema de intentar honestamente fazer a vontade divina. E nunca devemos esquecer que a vontade do Pai pode ser feita em qualquer ocupação terrena. Não há vocações que sejam santas e vocações que sejam mundanas.

Todas as coisas são sagradas nas vidas daqueles que são guiados pelo espírito; isto é, subordinados à verdade, enobrecidos pelo amor, dominados pela misericórdia, e controlados pela equanimidade - rectidão. O espírito que o Pai e o Filho Criador irão brevemente espargir pelo mundo não é apenas o Espírito da Verdade, mas é também o espírito do ideal da beleza.


Suspender a busca da palavra de Deus somente nas páginas dos registos da autoridade teológica. Aqueles, entre os humanos, que nasceram do espírito de Deus e renasceram do espírito, irão, daí em diante, discernir a palavra de Deus, independentemente da sua procedência.

A verdade divina não deve ser depreciada pelo facto de ser aparentemente humano o canal usado para a sua apresentação. Muitos de nós têm mentes que aceitam a teoria de Deus, enquanto espiritualmente deixam de compreender a presença de Deus. Essa é exactamente a razão pela qual se ensina que o Reino do céu pode ser mais bem compreendido, se adquirir-mos a atitude espiritual e autêntica de uma criança.

Não é a imaturidade mental da criança que é recomendado, é a simplicidade espiritual dessa criança, a facilidade em acreditar e a sua inteira confiança. Não é mais importante considerar a existência de Deus; mais importante é que se cresça na capacidade de sentir a Sua presença.

Se no âmago da alma sentir a presença de Deus, subitamente começará a descobri-Lo nas almas dos outros homens e, finalmente, em todas as criaturas e criações de um pujante Universo. Que oportunidade tem o Pai de se mostrar como um Pai supremo e sincero, e de desígnio divino, nas almas dos homens que pouco ou nenhum tempo dedicam à observação ponderada de tais realidades eternas? Se bem que a mente não seja a base da natureza imaterial, a mente é o portal de acesso para a natureza espiritual.

Não intentar, todavia, no erro de tentar provar a outros homens que já encontrou Deus; nós não podemos conscientemente gerar uma prova válida para o afiançar, se bem que existam duas demonstrações explícitas e poderosas do facto de que somos conhecedores de Deus, que são:


a) Os frutos do espírito, Amor, que se demonstram na rotina diária da nossa vida;


b) A certeza no roteiro da vida em dar prova positiva de que temos, sem reserva, arriscado tudo o que somos e o que possuímos, na aventura de garantir a imortalidade, na busca e esperança de encontrar o Pai Infinito, cuja presença em nós será conseguida nas provas, na unificação relativa, antecipadas no tempo.


Não haja equívocos, o Pai responderá sempre à mais débil chama de fé. Ele tomou nota das emoções físicas e supersticiosas do homem primitivo. E essas almas honestas, mas temerosas, cuja fé tão débil não é senão um pouco mais do que a conformidade cerebral de uma atitude passiva e de consentimento às religiões autoritárias.


O Pai está sempre alerta para honrar e fomentar até mesmo todas essas fracas tentativas de O alcançar. Mas os que foram chamados, da escuridão para a luz, é esperado que creiam de todo o coração; a sua fé irá dominar as atitudes combinadas do corpo, da alma e do espírito.


Aos discípulos Ele teria dito, a religião não se transformará para vós num abrigo teológico, no qual podeis refugiar-vos com medo ao enfrentardes as duras realidades do progresso espiritual e da aventura ideológica. A vossa religião irá transformar-se seguramente, no êxito da experiência real a testificar que Deus vos encontrou, vos idealizou, vos enobreceu e vos espiritualizou, e que vos alistastes já na aventura eterna de encontrar esse mesmo Deus, que já vos encontrou e vos filiou.


Antão/Tear

terça-feira, 10 de agosto de 2010

As religiões não rejeitaram as guerras profanando o nome do Filho que anunciou: "o Meu Reino não se constrói pela mão do guerreiro"

Todas as religiões assumiram, ao longo de toda a sua existência, os exclusivos de mensageiras de Deus e o testemunho da verdade. Arrogando a legitimidade de ser a única via de comunicação com seres superiores, entre a Terra e o Céu.

Não pretendo induzir ser mestre, mensageiro ou mesmo um servo de Deus. Por vezes afirmo que sou ateu, obviamente não sou e creio em Deus Único que é Pai de Todos.

O meu ateísmo é basilar no facto de não crer nos deuses que as religiões alimentaram - deuses parecidos com actos de Satã, criadores de guerras, de castigos e de infernos, a fim de aí serem submetidos a tormentos eternos os que não forem obedientes às leis na interpretação da religião.

Ao contrário das religiões, eu acredito e falo de um Pai que é Infinito em Amor e Misericórdia, e não tenho necessidade de pertencer a religião alguma no objectivo da minha unificação interior e na busca desse Pai.

Não é inimaginável que Deus tenha sido o fundador de religiões com o propósito de desenvolver a igualdade entre os homens. A humanidade tem a experiência que o tempo lhe confirmou nesse plano. Brevemente saberá que não é executável esse tipo de paridade.

O homem precisa de obter informação sobre as ideias do Criador e que delas fazemos parte. Esse conhecimento deverá ser tornado vivo dentro de nós próprios, do mesmo modo que tornamos vivo em nossas células o resultado do alimento. E devemos perguntar: qual a resposta das religiões a esta intenção? Que informações nos deram sobre o rumo dos filhos ascendentes de Deus?

E legitimamente pergunta-mos: de onde viemos antes de nascer na carne?

Qual a missão neste mundo e para onde vamos ao deixar o corpo de carne onde viveu aquele período de vida?

Que abrangência individual e colectiva temos acerca do Reino que o Filho do Homem anunciou?

Os servidores das religiões estão mais resolvidos em adquirir soberania pessoal e capital e fazer política quando lhes convêm, porém deveriam preocupar-se mais em fazer a vontade de Deus junto dos homens, pois assumem ser essa a sua profissão na Terra.

Todas as religiões fazem promessas de salvação e de transferência para o paraíso, e não está no seu alcance comprová-lo, nem no nosso. Esse é o resultado do fraco conhecimento que universalmente temos sobre a história das humanidades no Universo.

Aos políticos que não executem as promessas eleitorais são interpelados pela falta de cumprimento. Nas mesmas circunstâncias, já passaram milénios, não podemos interrogar as religiões e quem as represente, pela falta de prova no cumprimento das suas promessas como fazemos com a política.

Não é do conhecimento geral, nem as religiões confirmam, que tenham vindo mensageiros depois da morte garantir-nos que estão no céu por intermédio de uma religião ou no "inferno" por intermédio dos mesmos.

Como em tudo, a sociedade devia estar informada. As igrejas são impulsionadoras desse propósito, tanto é que um alto responsável de uma religião apelou a "uma contestação política organizada que questione estruturas financeiras, comerciais, culturais e políticas, (...) na actual situação de crise". (também faltou dizer religiosas)

As religiões deveriam, estar mais esclarecidas e encaminhadas para fazer a vontade de Deus o Pai de todos, infundir nos fiéis, e nessa atitude haver o desejo de que os homens se olhem como irmãos.

" No princípio fostes um - passaste a ser dois - devereis ter o empenhamento para que sejais novamente um".

Não seria muito difícil entender estas revelações, no sentido etimológico do termo, se as religiões assumissem desinteressadamente a missão de religar, de ligar de novo o que foi desligado. A carência de informação sobre as leis do Universo, das quais fazemos parte na íntegra, torna difícil de entender. Mais difícil é consciencializá-las.

Uma religião não deve pretender a uniformização dos seus devotos pela acção exterior das suas leis, dos rituais e da ministração dos ensinamentos. A uniformização seria negar a liberdade individual concedida pelo Pai na enorme diversidade entre as raças e os humanos. Porém num só facto somos semelhantes, mesmo iguais, no espírito.

No trabalho do espírito, para aquele que o conter, e no sucesso das suas capacidades como criador à semelhança do Pai, ao multiplicar o que foi dado no princípio, poderemos finalmente convergir para uma unificação que é relativa no tempo e no espaço. Tornando-se absoluta no Infinito.

Vamos descobrir como desenvolver uma nova religião que irá iniciar-se dentro de cada humano, qualquer que seja a raça, a cultura, a religião ou o grau de ateísmo.

Contudo, não podemos olhar com desapreço para todos os crentes religiosos, porquanto muitos se entregaram sem falsidades, em todos os tempos, na busca persistente e apaixonada de Deus, e muitos O encontraram.

Deus não deixou de presenciar a tenacidade desses seus filhos, vítimas de múltiplos tipos de perseguição e fraudulência na longa e incansável luta de muitas vidas e em sua humildade revelaram ao mundo a imagem mais autêntica e mais clara do verdadeiro Pai: Deus Eterno.

O caminho foi assim preparado para uma revelação ainda maior desse Pai, e que muitos de nós estão a ser chamados para o compartilhar,

Antão -Tear