quarta-feira, 9 de junho de 2010

Acções que levarão o homem à comunhão com o Criador, e as que levarão o homem a distanciar-se

Poucos, entre os Apóstolos, conseguiram compreender na totalidade os ensinamentos do Mestre e muitas outras verdades sobre a comunhão do homem com o seu Criador.

Os filósofos gregos no tempo do Mestre, afirmavam que a ciência e a filosofia eram suficientes para satisfazer o interesse humano. Nos nossos dias, a maioria dos crentes também julgam ser suficiente para a sua salvação pertencer a uma religião, e ao cumprirem com as respectivas leis, ela os recompensa com o céu e o direito de se sentar à direita de Deus, logo depois da morte na Terra.

Se duvidarem das vossas promessas calai-vos! Ou então a Lei imutável terá para vós grandes exigências, às quais não podereis dar justificação.

Enquanto outros vêm traficando poderes sobrenaturais e trapaças espirituais com o álibi do ioga e um infantilismo comovedor, enfeitado de ornamentos místicos e devotos aos milhões a purificarem-se no Ganges, das vacas e dos elefantes sagrados, dos gurus e da cena vergonhosa dos intocáveis.

No Ocidente, em consequência destas importações, um domínio vasto onde proliferam seitas onde ombreiam: a trouxe-mouxe, magia, astrologia, ocultismo e espiritualidades orientais, cuja amálgama, essencialmente, alimenta confusões e os próprios fundamentos do hinduísmo, são pura e simplesmente escamoteadas.

O Mestre ouviu com compaixão e paciência um pedagogo grego, como certamente ouviria, do mesmo modo, os educadores religiosos e outros congéneres deste tempo.

Todos confirmamos e exaustivos entendemos, que o Mestre teria deixado uma grandiosa mensagem sobre a existência humana que, nem o saber dos gregos na antiguidade nem o saber das religiões actuais argumentam, Ele teria explicado: de onde viemos, o que fazemos neste mundo e para onde o nosso objectivo no espaço-tempo. Onde as religiões terminam a sua erudição, é aí que os poucos conhecedores da mensagem viva do Mestre se iniciam.

A palavra Reino é uma revelação à alma do homem, que lide com as realidades espirituais e que a mente por si própria jamais poderia encontrar, nem penetrar em toda a sua perfeição.

Os esforços intelectuais poderão revelar os factos da vida, mas o conhecimento sobre o Reino revela as verdades do ser. Nós poderemos abordar as silhuetas materiais da verdade; mas estamos com aptidões espirituais para entender o que o Mestre nos comunicou sobre as realidades eternas e espirituais que projectam, em contornos temporais transitórios, os factos concretos da existência mortal. As verdades libertadoras da sapiência do Reino.

O Mestre sempre foi tolerante desde a sua chegada à Terra e ainda hoje se sente a sua tolerância para com todas as religiões e filosofias, nos seus enganos e interrogações. A certeza absoluta, a verdadeira e autêntica não teme análises superficiais; a verdade também não se inquieta quando sujeita a críticas honestas. Devemos lembrar, aos que contribuem com verdade para a implementação do Reino, que a intolerância expressa é uma máscara a ocultar dúvidas escondidas, alimentadas nas incertezas da própria religião ou crença.

Nenhum humano é perturbado, em momento algum, pela atitude do seu semelhante quando confia plenamente na verdade daquilo em que acredita com todo o seu ser. A coragem é a confiança daqueles que têm honestidade a toda a prova nas coisas que afirmam acreditar. Os humanos sinceros são destemidos quando sujeitos à prova nas suas verdadeiras convicções e nos seus nobres ideais.

A certeza de termos entrado na família do Reino do Pai e na qual sobreviveremos até à eternidade, como todos os filhos do extenso Reino, é inteiramente uma questão de experiência pessoal - acreditar sem antever a promessa da verdade. A segurança espiritual equivale à experiência religiosa pessoal com as realidades eternas da verdade divina e é, por outro lado, igual ao entendimento transparente das realidades da verdade, adicionadas à fé e diminuídas das nossas dúvidas sinceras.


O filho é naturalmente dotado com a vida do Pai. Tendo sido dotados com o espírito vivo do Pai, nós somos, portanto, filhos de Deus. Nós sobreviveremos depois das muitas vidas nos mundos materiais, porque nos identificamos com o espírito vivo do Pai, na dádiva da vida eterna.


Muitos já tinham garantido a oferta da vida eterna, mesmo antes da vinda do Filho do Homem, e muitos daí em diante têm recebido a vinda do espírito, porque acreditaram, acreditam e vivem na mensagem do Mestre da Galileia. Ele declarou que quando chegasse junto do Pai, Ele enviaria o seu espírito aos corações de todos os homens e que cada um iria receber conforme a grandeza do seu receptáculo. A presença dessa vida que se transmutará a cada momento.


Ainda que não tenhamos a percepção para observar o trabalho do espírito do Pai nas nossas mentes, há um método prático para descobrir a medida que cada um poderá usar para avaliar a educação da alma, sob o ensinamento e a condução do espírito residente, que é a medida do amor pelo nosso semelhante. A centelha de Deus Mãe que nos habita compartilha do amor de Deus Pai e, na medida que ocupa o homem, leva infalivelmente ao caminho da veneração divina e da consideração amorosa pelo semelhante.


Quando o Mestre ensinou, todos os que estavam com Ele acreditaram que eram filhos de Deus e
com esses ensinamentos tornou-os mais conscientes da condução interna da presença do espírito residente do Pai. E anunciou que: "o Espírito da Verdade será vertido sobre toda a carne, e ele viverá entre os homens e os ensinará a todos, do mesmo modo que eu vivo agora entre vós e vos digo palavras da verdade". E este espírito da verdade, ao falar a todos os dons espirituais das vossas almas, ajudar-vos-á a saber que sois filhos de Deus.


E acrescentou: "Todo o filho habitante da Terra, que aceitar a condução desse espírito irá saber finalmente como fazer a vontade de Deus, e aquele que se entregar à sua vontade - à vontade do Pai - viverá eternamente. O caminho da vida terrena até ao eterno não foi, através dos tempos, claramente relatado. Há no entanto um caminho, sempre houve. Eu vim para fazer dele um caminho novo e vivo. Aquele que aceita e entra no serviço do Reino tem garantido a vida eterna - nunca mais terá fim - mas vós compreendereis melhor uma grande parte de tudo o que vos digo agora, quando regressar ao Meu Reino, e depois disso estareis mais capacitados para outras experiências em retrospecção".


Todos os que escutaram estas palavras ficaram extremamente satisfeitos.


Os ensinamentos judeus, a respeito da redenção dos justos, tinham sido confusos e ambíguos; foi reconfortante e inspirador para os que seguiram o Mestre Jesus ouvirem essas palavras, assaz precisas e objectivas, da confiança sobre a continuidade do caminho eterno dos autênticos crentes.


O ensino específico, dado pelo Mestre Jesus, relacionava-se principalmente com a polémica sobre as mútuas obrigações ao serviço do Reino, e abrangia ensinamento destinado a tornar claras as diferenças entre a experiência religiosa pessoal, as amizades e as obrigações religiosas sociais. Esta foi uma das poucas vezes em que foram abordados os aspectos sociais da religião.


Durante a vida terrena, Jesus comentou muito pouco a respeito da socialização da religião e abordou o tema, ainda hoje rodeado de proibição por muitas facções da sociedade e da igreja, acerca dos fenómenos de contacto com seres não humanos.


Jesus explicou claramente aos seus apóstolos que os seres intermediários, transviados e rebeldes, que tantas vezes personificam as entidades dos que viveram na Terra, especialmente os de popularidade, seriam um dia controlados, de tal modo que não poderão, nunca mais, ter esse procedimento.


Também disse aos seus seguidores que, depois de ter voltado para o Pai, e quando o Pai e Ele verterem o "Espírito da Verdade" sobre toda a carne, que o ser nada espiritualizado - os apelidados de "espíritos impuros" - não poderiam possuir por mais tempo o pensamento dos mortais de mente mais débil e desequilibrada.


Explicou ainda, que os espíritos de luz mais avançados, dos seres humanos que faleceram não voltam logo ao mundo, para se comunicarem com os seus semelhantes na carne. Somente, depois de terem passado um tempo de adaptação e estágio é que seria possível a esse espírito iluminado, em progresso, do homem mortal, comunicar e retornar à Terra e, mesmo assim, só em casos excepcionais e como trabalhadores da administração espiritual do planeta.


O Reino dos céus anunciado pelo Filho do Homem não privilegia. Muitos dos distintos ilustrados deste planeta planearam para si prerrogativa de açambarcamento, como se os filhos criados por Deus fossem produto de comércio para a sobrevivência de uma congregação de alguém. Se assim fosse, o que faria Deus aos filhos simples e humildes, não tendo eles o propósito de obter com a utilização da força, o que por direito e justiça lhes foi atribuído? Pois o Pai afirma com verdade que cada um tem aquilo que merece e Ele não deprecia.


Se Deus revivesce unicamente com a acção dos doutos das igrejas, só eles teriam direito a ser filhos, ou apelidar de filhos aqueles que as doutrinas da igreja elegessem. Mas isso não é verdade. Também o afirmaram, pensaram e agiram os sacerdotes e fariseus no tempo do Mestre, erradamente. A consagração ao Reino tem outra universalidade no agir, quanto a esta humanidade.


Naquele tempo, os judeus consideravam os gentios como cães - recordo a atitude de Simão, o Zelote, que disse para uma mulher quando esta com perseverança e fé aguardava o Mestre, para que Ele curasse a sua filha, segundo ela estava possuída pelo demónio.


O Apóstolo disse-lhe: "Mulher és gentia, de fala grega e não seria legítimo que tu esperasses que o Mestre usasse o pão, destinado aos filhos da casa preferida e que o atire aos cães". A mulher disse-lhe que compreendia as suas palavras e retorquiu: "Eu sou apenas um cão aos olhos dos judeus, mas no que respeita ao vosso Mestre, eu sou um cão que crê e nem mesmo tu ousarias privar os cães privar os cães do direito de alimentarem-se das migalhas que casualmente possam cair da mesa das crianças".


O Mestre ouviu tudo isto do local onde não era avistado. Abeirou-se e para surpresa dos presentes disse: "Mulher, grande é a tua fé, tão grande que não conseguiria, se o pretendesse, impedir o que desejas; prossegue o teu caminho em paz". Ela retirou-se com a sua filha curada.


Estes acontecimentos repetiram-se, entre eles, em muitos lugares por onde passaram. O Mestre disse nesse dia: "Podeis ver por vós mesmos como os que apelidais de gentios podem praticar a fé libertadora nos ensinamentos do Reino do céu. Afirmo agora, que actos intolerantes irão perdurar ao longo dos séculos mesmo usando o meu nome; e digo-vos em verdade, que um dia o Reino do Meu Pai irá ser entregue a um povo que neste tempo, conforme a vossa noção, são gentios. Porém esse povo de gente simples e humilde saberá interpretar, viver e divulgar as palavras da mensagem do Reino do Meu Pai, se entretanto os filhos de Abraão não estiverem dispostos a demonstrar a fé suficiente para entrarem nele".


Estes filhos de Abraão afirmaram-se filhos de Deus de pleno direito e não fogem aos cânones do nosso tempo, como se Deus se tivesse convertido a alguma religião terrena que permita aos seus adeptos variadíssimas e inconstantes afirmações.


Entrar no Reino implica acreditar na mensagem do seu Soberano. Esse Reino é afecto a toda a humanidade e reconhecer, pela fé, o espírito residente de Deus Mãe, cuja aceitação faz de nós um Seu filho. Que se dispam das vestes sujas aqueles que só a si consideram virtuosos, e vistam-se de roupas limpas se querem ser filhos de verdade com o manto da rectidão e da eterna redenção. Sempre foi verdade que "o justo viverá alimentado pela fé". A entrada no Reino do Pai é totalmente livre, mas o progresso - o crescimento na verdade - é essencial para se continuar a ser um cidadão desse Reino.


"A salvação é dádiva do Pai e é revelada pelos seus Filhos amadurecidos. A aceitação pela fé, da vossa parte, faz com que compartilheis da natureza divina, como um filho ou uma filha de Deus. Pela fé sois justificados; pela fé sois salvos; e por essa mesma fé avançais eternamente no caminho da perfeição progressiva e divina. Pela fé Abraão foi justificado, e tornou-se sabedor da salvação por meio dos ensinamentos de Melquisedeque. Em todas as épocas, essa mesma fé salvou os filhos dos homens, mas um filho descendente vindo do Pai veio fazer com que a salvação fique mais real e aceitável".


"Os homens são maus na sua natureza humana, mas não são forçosamente pecadores. O nascer de novo na carne e o renascimento do espírito é essencial para a libertação do mal e é necessário para a entrada no Reino do céu, mas nada disso contraria o facto de o homem ser filho de Deus. E essa inerente presença do mal, não significa que o homem esteja, de um modo inexplicável, apartado do Pai que está no céu, de tal modo, que forçosamente, como se fora um filho desprezado, procurar de algum modo a adopção legítima do Pai. Todas essas noções nascem, em primeiro lugar, do entendimento errado sobre o Pai e, em segundo lugar, a ignorância da origem, da natureza e do destino do homem".

Antão (resumo de uma palestra dada na "Casa do Tear", no dia 04/06/2010)