quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A Gnose

O mundo desmorona-se, ensinando-nos a aceitar a dor inerente à vida, sabendo que a dor conduz à compaixão. Se fomos criados à semelhança de Deus, não na forma mas no conteúdo, poderemos ser feridos, mas essas feridas não precisam de nos enfraquecer, quando sabemos que somos, na verdade, criações divinas.

Libertamos um poder secreto que nos coloca na frente das circunstâncias a colocarem-se diante de nós.

Alguns ensinamentos gregos tinham a ver com a teoria de que as coisas materiais do mundo são reflexos ou sombras das realidades espirituais invisíveis, mas mais substanciais.

Jesus discursou a respeito da natureza da realidade do universo: a fonte da realidade do universo é infinita. As coisas materiais da criação divina são as repercussões no tempo-espaço do Modelo do Paraíso e da Mente Universal do Deus eterno.

O nível mais elevado até ao qual uma criatura finita pode progredir é o reconhecimento do Pai Universal e a consciência do Supremo. E, mesmo assim, tais seres, que possuem o destino da finalidade, continuam a experimentar mudanças nos movimentos do mundo físico e dos seus fenómenos materiais.

Há muito que o homem procura e implora o alívio para as suas chagas. Porem o Anjo Miguel, não pretende dizer Mikael de Nebadon, mesmo reconhecendo a urgência no implorar, diz simplesmente não a podeis ter, só mesmo nos últimos dias esses alívios poderão ser obtidos e nessa altura verás sinais no céu e maravilhas na Terra.

Nas novelas há sempre finais felizes, na vida real eles são bem mais raros. Deus não é uma espécie de Pai Natal. A compaixão e o amor que expressamos existe por si só, não surgem necessariamente com o intuito de conquistar um milagre com a presença divina.

Há quem se dedique mais à cerimónia do que à prática e ao ensinamento. Se as orações fossem sempre atendidas, não seria mais do que chamar à atenção divina sem qualquer outro resultado.

Os sofrimentos da vida sucumbem invariavelmente à morte física, mas como estamos possuídos de alma ou do espírito, onde haverá sabedoria, não precisamos de nos entregar ao medo.

O Mestre dizia que apenas na perfeição, na harmonia e na unanimidade de vontade, pode a criatura chegar a tornar-se una com o Criador e que esse estado de divindade é atingido e mantido apenas quando a criatura, mantendo a continuidade de vida no tempo e na eternidade, forma e conforma consistentemente a sua vontade pessoal finita à vontade divina do Criador. E o desejo de cumprir a vontade do Pai deve ser sempre supremo na alma e predominante no espírito do filho ascendente de Deus.

O amor e a misericórdia que demonstrarmos torna-se um agradável perfume à nossa garantia para a eternidade. Se não tivéssemos a capacidade para sermos fracos, não haveria dor nem fraqueza, também não conseguiríamos ter a capacidade de nos preocuparmos com os outros.

Se desde o princípio a vida fosse permanentemente ao abrigo de todas as protecções como num paraíso, não se tornaria possível uma humanidade plena, sem o conhecimento a dor não existiria, assim como o sofrimento não existiria mas também não tínhamos a noção dos seus contrários: o jubilo, o contentamento e a alegria.

O Mestre da Galileia dizia que a vida é uma adaptação da causa primordial, modelo às demandas e possibilidades das situações do universo e passa a existir pela ação do Espírito Universal e pela ativação da chama espiritual de Deus que é espírito.

O significado da vida é a sua adaptabilidade; os valores da vida estão na possibilidade do progresso - até aos limites máximos do conhecimento sobre a natureza de Deus.

A perda da chama condutora do espírito residente ocorre a interrupção da existência espiritual. A vida inteligente e progressiva então se torna em si mesma uma prova incontroversa da existência de um universo pleno de propósitos, que expressam a vontade do Criador Divino. Essa vida no seu todo luta na direção de valores mais elevados, tendo por meta o Pai Infinito.

Ficamos a saber que não deveríamos lamentar a nossa condição de prevaricadores, mas aceitá-la, celebrar a nossa fraqueza e até mesmo a nossa condição de mortais. Certamente o Criador, depois de termos abandonado a sua casa, tenha sido sua intenção que provássemos do fruto da árvore do conhecimento e descobríssemos o nosso caminho através da vastidão da vida.

O conhecimento em grego diz-se: GNOSIS. Aqueles que procuram este conhecimento são chamados de gnósticos. A igreja apelidou-os de hereges; queriam e querem conhecer os segredos sobre a sua espiritualidade, sobre a sua origem, de onde vimos antes de termos encarnado em humanos.

O conhecimento secreto poderá estar acessível a todos nós, apenas temos de o encontrar. Uma das maiores manifestações divinas na Terra há 2 mil anos chamado Jesus: veio divulgar o grande conhecimento através das Palavras - do grego o LOGOS.

Os gnósticos não pretendem que a mitologia seja interpretada à letra: a verdade e a realidade devem ser encontradas no interior de cada homem.

Jesus também veio com o propósito de mostrar ao mundo o caminho para a fonte divina quando disse: "Procurai dentro de vós - Ele está dentro e fora de vós." Ao longo dos tempos a reação da igreja foi implacável. No princípio das manifestações públicas, os gnósticos foram acusados de heresia e os seus líderes, ainda no século I, foram acusados de blasfémia vergonhosa.

O Papa Clemente, em Roma, e o Papa Inácio de Antioquia, escreveram severas epístolas, insistindo na obediência inquestionável à autoridade apostólica. Os gnósticos não se deixaram intimidar, nem deixaram que se perdesse o consenso sobre o conceito de que o homem é na realidade originário em espírito do universo, que fica prisioneiro da matéria - único passo do conceito para a experiência; o mundo material torna-se secundário, o espiritual é a verdade mesmo que relativa. A vida material é uma pálida sombra da vida espiritual.

Antão