sexta-feira, 5 de agosto de 2011

"Aquele que quiser salvar a vida a perde; aquele que a perder a salvará".

Não é seguramente para a continuidade de um código genético que se formam corpos para que esse código sobreviva. Refiro-me ao corpo humano. Se a finalidade humana é procriar, qual é a finalidade dos corpos gerados? Todos os corpos têm um cérebro com o propósito de traduzir a informação que lhe é enviada, seja qual for a origem e o conteúdo, venha ela do exterior ou do interior do corpo. No interior existe uma vida anímica sustentada pela alma que é dotada de inteligência e vontade.

Do exterior vem a informação que age no sistema nervoso, tornando consciente a condição e o tipo de ambiente onde vive, e onde torna praticável os meios de sobrevivência em tudo quanto seja possível estimular a vida do veículo humano. Isto, num árido entendimento, seria só assim; se a vida nos mundos não tivesse distinto objectivo, mais do que viver unicamente pelo domínio de todos os proveitos próprios do animal racional, enquanto espera pelo dia da morte.


Há vida relevante no interior do corpo, que em muitos humanos está esquecida e no animal racional é desconhecida. A ação da mente pode tornar essa vida conhecida para seguidamente poder vir a reconhecer o humano no lugar do animal racional. Confirmado o humano, encetará a grande história e o entendimento sobre a finalidade dos genes – o corpo humano foi criado com um propósito – ser no mundo o habitáculo para a experiência do espírito que o habitará, logo que seja domada a vida anímica sustentada pela alma, ser-lhe-á possibilitada essa dignidade. Nesta comprovação, não é seguramente para a sobrevivência de um código genético que se geram os corpos. Refiro-me ao corpo humano como um instrumento de continuado trabalho íntegro, com o qual irá adquirir a essencial experiência para vir conhecer a verdade.



Controlar o universo racional dos genes é incontestavelmente essencial, sobretudo na conjuntura da época em que vivemos sujeitos a provas que irão definir a nossa opção nas vidas. Ganhar a vida material, é perder a vida – perder a vida material, é ganhar a vida espiritual. É mais fácil aceitar todas as ofertas da modernidade para o prazer do corpo, que dedicar-se a uma vida disciplinada e com regras de fazer a vontade do Pai. Isto tem sido abordado com muita assiduidade na “Casa do Tear” mas poucos são os que ouvem. Onde estiver, juntamente com outros que são também dedicados a seu modo, na activa dedicação ao próximo, será para oferecer os valores do bem e do conhecimento.


Excluímos a ideia muito repetida que o próximo é necessário por ser fastidioso estar só e sem diálogo. O amor é carente e afastado pelas circunstâncias de existências que entravam a proximidade, todavia, as fantasias de inúmeros entusiastas seguidoras de um ídolo, arrastam consigo presumidas amizades que se transformam em movimento fanático travestido de alegria e por alguma circunstância imprevista, de sério desgosto. Contudo, muitos destes, raramente se acercam de humanos anónimos, carentes e malparecidos. Um sorriso esporádico seria o suficiente para alegrar o coração entristecido de alguém. Com atitude, poderia gerar-se um movimento sem outros motivos que não fosse a solidariedade e o amor pelo próximo. Porém com grande cautela: “não dar as pérolas aos porcos”.


O conhecimento é a aptidão do pensamento meramente terreno, o arbitrador da ocorrência. A verdade é o domínio do intelecto espiritualmente dotado, e é consciente que poderá vir a conhecer Deus. O conhecimento é demonstrar a verdade e, poderá relacionar a experiência com o conhecimento. O conhecimento é um domínio do intelecto e a verdade uma experiência encetada na alma, a entidade em progresso. O conhecimento é um agente de condição não espiritual; a verdade é uma fase ao nível de entendimento do Espírito Actuante nos universos.
A análise do pensamento material entende o mundo e o conhecimento dos factos. O alcance do intelecto espiritualizado distingue um mundo de valores da verdade. Esses dois estados de consciência, entrosados e harmonizados, revelam o mundo da realidade, no qual a sabedoria interpreta os fenómenos do universo, nos termos da experiência pessoal progressiva.


O erro é a causa da imperfeição que poderá gerar o mal. As eventualidades da imperfeição, ou as ocorrências na falta de adaptação aos valores positivos da vida, revelam-se no nível material por intermédio da observação crítica, da análise elucidativa e ao nível moral, por intermédio da experiência humana. A presença do mal instala-se indiciando as imprecisões da mente e da imaturidade da alma em aperfeiçoamento. O mal, portanto, é também uma medida da imperfeição no que respeita à interpretação do universo e das suas leis afectas à evolução do homem, originando a causa que gera o efeito.




As contingências de cometer erros são inerentes à aquisição da sabedoria, no decurso da progressão do parcial e do temporal até ao eterno, do relativo imperfeito ao absoluto perfeito. O erro é a obscuridade da promessa do eterno no relativo, que deve necessariamente terminar ao percorrer o caminho ascendente do homem neste universo local até ao Pai-Criador, e Dele sairá para perfeição mais elevada no Pai do Paraíso. O erro gerador do mal não é uma qualidade real do universo; é simplesmente a observação de uma relatividade, na relação intrínseca entre a imperfeição do finito incompleto e os níveis ascendentes do Supremo Perfeito.


Os problemas da modernidade têm conduzido a imensos contratempos difíceis de decidir quando a solução delibera nos meios políticos e económicos. Estranhamente as religiões não sugerem, como seria de esperar, uma tese a seu nível capaz de catapultar os seus fiéis em grande número, para uma nova era, novas atitudes e novos resultados. Religiões afirmam, perdoar os pecados pela confissão, libertar o homem do pecado da procriação no batismo e encomendam as almas dos mortos a Deus; e muito mais fariam, se lhes dessem crença.



Deus é infinitamente sábio e em toda a criação não se esqueceu de semear a sabedoria e beleza, contida em toda a obra da Sua autoria. O que sucederia, incumbindo um Pároco, Pastor ou Monge, por muito eloquentes que fossem, se houvesse a necessidade de serem eles a completar a obra de Deus na Terra? Se fosse indispensável a sua participação no aperfeiçoamento final da obra de Deus, o homem não existiria, e mais impossível ainda, pelas causas que levaram o Pai à criação de todas as humanidades neste vasto universo. Teremos que reconhecer que somos um mundo primitivo do sistema satânico, sem restrições no consumo de água benta e de presunção.



Ajuizando as afirmações das religiões se concluiria, na habilidade como arrogam a participação no termo da obra de Deus e anexando o domínio que exercem sobre os correspondentes crentes, teriam certamente maiores aptidões para dar solução coerente à obra espiritual e social do homem, ambas em situações de recessão, não enganariam que estariam à altura de conseguir essa realização. A verdade é que por motivos evidentes não irão realizar e analisando a vasta obra em que as religiões afirmam participar mentem. Ao notar a incapacidade de realização, mesmo de uma pequena obra dos simples em sua alma, será alcance remoto para os circunscritos e aprisionados num redil e, na obediência que têm às religiões se estabelece enorme dissemelhança e compartimentação de imensa dificuldade nas realizações para o futuro da obra do Pai Criador. Seria possível essa realização sem religião? Sim, é realizável!


Deste modo, assisto a uma civilização a quem retiraram o leme, tomada pelo pânico de um possível naufrágio. Obstinadamente, não têm humildade para erguer, antes de ver, os seus sentidos em direção à fé onde vive um Pai atento e amoroso; e a tempestade se tornaria em bonança. O século XXI trouxe a todas as religiões problemas para serem resolvidos. Quanto mais alto ascende uma civilização, mais premente se torna o dever de primeiro diligenciar as realidades do céu em todos os esforços do homem para estabilizar a sociedade e facilitar a solução dos seus problemas materiais, antes dos espirituais.



A verdade torna-se muitas vezes confusa e até enganosa, quando é desmembrada, fracionada, isolada e demasiadamente analisada, decorrente da interpretação teológica e dogmática. A verdade viva ensina, a quem procura com sinceridade, somente quando ela é abraçada em plenitude e igualada à realidade espiritual vivida em consciência, e não como condição de permanência entre as erudições terrenas nem como inspiração de um talento representativo por alegados intermediários.



A futura religião do espírito irá ser a revelação ao homem do seu destino eterno e divino. A religião do espírito é uma experiência puramente pessoal e espiritual e deve ser sempre, diferenciada de outras formas elevadas de pensamento. A atitude coerente da humanidade para com as coisas da realidade material está na apreciação harmoniosa que o homem tem da beleza, em contraste com a deformidade. O reconhecimento ético que o homem tem das obrigações sociais e do dever político é análogo ao senso de moralidade humana, em si e por si próprio, não é de carácter religioso.



A religião do espírito está destinada a encontrar diferentes valores no universo que exigem fé, confiança e certeza; a religião culmina em veneração e descobre, para a alma, os valores supremos que estão em contraposição aos valores relativos descobertos pela mente. Esse discernimento interior supra-humano só pode ser alcançado por meio da experiência religiosa assente na verdade transmitida pelo Filho do Homem há dois mil anos. Dessa palavra sábia muito pouco sabem mas compelem saber muito.



Não é possível sustentar um sistema social estável e duradouro, sem que o conceito esteja apoiado em realidades espirituais, assim como não se poderia sustentar todos os sistemas e galáxias sem o centro de gravidade absoluta, assim como não seria possível satisfazer o apetite nem favorecer todos os desejos latentes de aventura que surgem na alma, numa única e curta vida na carne. Sejamos pacientes! Não cedamos à tentação de nos lançar numa imersão desregrada de aventuras fáceis e sórdidas. Domamos as nossas energias e refreamos as paixões. Devemos ser calmos enquanto aguardamos dobrar o nosso "Cabo das Tormentas" num rumo que parece interminável, mas repleto de aventuras progressivas e descobertas impressionantes. Somos como uma nave, construída para grandes viagens no Universo.



Na profunda baralhada sobre a origem do homem, enquanto a ciência se debate e especula na teoria de Darwin, não percamos o horizonte do nosso destino eterno. Não devemos esquecer que Joshua também se dedicou às crianças, e também deixou manifesto o grande valor da personalidade humana em aperfeiçoamento. "E quando fordes como crianças entrareis no Reino, este que vos anuncio." Antedisse.



Na observação ao mundo relembramos que as nódoas negras do mal, que avistamos e se destacam ainda sobre o fundo branco no uso da última bondade; a misericórdia daquele que estava a ser pregado no madeiro, ao dizer: "Pai perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem". Nós não vemos unicamente as manchas brancas do escasso bem que poucos edificam, elas mostram-se lastimosamente sobre o fundo negro do mal e da hipocrisia.



Quantas verdades poderiam tornar-se conhecidas publicamente ao serem proclamadas, contudo, as forças que impedem a aclamação da verdade são ambíguas e com a face ainda oculta para muitos. Que causa os homens terão em insistir tanto no mal do mundo; só porque o mal parece ser uma condição única? A beleza dos valores espirituais da verdade gera mais satisfação e são mais enaltecedoras do que o fenómeno do mal. Contudo, os interesses agenceiam o mal, e este favorece muitos acontecimentos que não seriam realizáveis mediante a presença do bem.



O Filho do Homem, na religião do seu tempo defendeu e seguiu o método da experiência, do mesmo modo que a ciência moderna pesquisa a técnica pelo ensaio. Nós descobrimos o Pai Criador através do procedimento e da capacidade espiritual interior, porém, a aproximação desse discernimento da alma vem através do amor e da perfeição no espírito, na busca da verdade, da lealdade ao dever e na veneração da bondade divina. De todos estes valores, o amor é o indicador fidedigno para o discernimento autêntico.


O Filho do Homem um dia disse aos seus discípulos que não exigiam que acreditassem Nele, mas que acreditassem com Ele na realidade do Amor do Pai e como Ele tivessem confiança na filiação com o Pai do Paraíso - sigam-me - convidou.



Gostaria que este modelo se redissesse entre os frequentadores da "Casa do Tear", onde em "dia de diálogo" são abordados temas que se referem sempre com a história da humanidade no Universo, e para os que não saibam, são esses assuntos os transcritos e adaptados para este texto. Entre nós, os frequentadores habituais ocorrem diferenças na absorção de conhecimento e na educação e permeabilidade da alma que são evidentes e naturais. Sem ressalvas, todos têm o seu lugar, porém, o discernimento individual é variável, confiar e acreditar é essencial, e assim se poderá interiorizar a amplitude do conhecimento que é oferecido.


Encontrei, tive a permissão de entrar na porta, para a via onde entraram muitos sábios do evo transcendental, e creio inteiramente no saber ali contido. Apesar de delicado o ingresso, o gnosticismo não tem exclusivo, todavia é exigente no rigor à verdade de quem divulgue esse saber, é um saber que não tem senhorio mas humildade em abundância, comparativamente a tanta quimera. Por lógica, não influencio que venham acreditar em mim, mas na palavra que me é facultado oferecer. Também rejeito qualquer tipo de veneração, de deturpação e de atitudes traiçoeiras à verdade, dos que frequentam a "Casa do Tear" e percebam o que é ensinado.


Os muitos impulsos na vida têm pouco mais assento material, e nesse campo de ação cada um terá que decidir por si, em livre arbítrio, e é legítimo que em alguns assuntos particulares me limite ao silêncio e não comentar; conteúdos que em nada justificam a vida no homem nem o que despertou a minha consciência. Não foi essa a instrução do Pai Criador a quem fiz compromisso de terminar mais uma tarefa na Terra.


Antão, 15 de Julho de 2011