quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Antiespiritualismo

A erudição precipitou, involuntariamente, a humanidade num alvoroço materialista dando-se início a uma imponderada corrida à ramificação moral dos tempos, mas essa ramificação da experiência humana tem extensos recursos espirituais e a aptidão de suportar as controvérsias que lhe são arremetidas.

Unicamente o indivíduo imponderado entra em pânico com os activos espirituais da humanidade. Quando o pânico materialista centenário estiver falido, a mensagem do Filho do Homem não se terá esgotado. A fonte espiritual do Reino da Luz continuará a dessedentar, com a fé, esperança e certeza na verdade, a todos aqueles que a essa fonte recorrerem em Seu nome.

Não importa quais possam ser os conflitos, simulados entre o fundamentalista religioso ou o materialista, com a grande mensagem do Filho do Homem. Devemos permanecer com a segurança de que, nos dias que virão, os ensinamentos do Mestre triunfarão inteiramente.

Na certeza a autêntica religião, alicerçada na verdadeira mensagem do Mestre da Galileia não irá envolver-se em nenhuma controvérsia com a ciência, pois não se ocupa em absoluto com as coisas materiais. Para a religião do futuro a ciência é simplesmente neutral, apesar de ter simpatia por ela, porem a sua preocupação será suprema com os homens da ciência por serem filhos de Deus.

A pesquisa da ciência tão somente, sem a interpretação da sabedoria que a encerra e sem o discernimento interior espiritual da experiência religiosa, levará ao derrotismo e ao desespero humano. Uma dose de conhecimento, mesmo que seja pequena, é algo verdadeiramente desconcertante.

A época do poder, em muitos sectores da sociedade civil e religiosa, teve dias de maior tirania mas está a chegar ao fim; o dia no qual haverá melhor entendimento já está no seu alvorecer. Os cérebros mais eminentes do mundo científico e religioso não serão totalmente materialistas na sua erudição, contudo a maioria das populações irão conservar essa ideia em consequência das aprendizagens anteriores, quer da religião quer da ciência.

Mas esse período de influência regressiva é apenas um episódio passageiro na vida do homem sobre a Terra. A ciência moderna não se intrometeu nas religiões - nomeadamente os verdadeiros ensinamentos da mensagem do Filho do Homem foram intocáveis, porque ainda não foram traduzidos para as vidas dos seus seguidores.

Tudo o que a ciência fez aos ensinamentos das velhas e decadentes religiões, foi destruir a sua cegueira originada em falsas interpretações das Leis do Universo.

A ciência é uma experiência quantitativa. A obra do Criador é uma experiência qualitativa, no que concerne à vida do homem na Terra. A ciência analisa os fenómenos. A Teosofia compreende as origens, os valores e as metas.

Fundamentar explicações de fenómenos físicos é confessar ignorâncias que não foram conclusivas e, finalmente, a ciência na sua investigação e experiência será conduzida para a Grande Causa: o Pai Universal do Paraíso.

A tendência para a mecanização de número avultado de homens e mulheres, pretensamente instruídos, e o secularismo impensado do homem nas grandes metrópoles, estarão todos ocupados exclusivamente com os afazeres. Estarão carecidos dos valores reais, das recompensas e do contentamento de natureza espiritual, assim como estão despojados de fé, de esperança e de certezas da vida para lá do espaço-tempo.

Um dos grandes problemas da vida moderna é que o homem pensa que está com afazeres prioritários para disponibilizar o seu tempo com atitudes espirituais e de trabalho na construção do amor e na efectivação da vontade de Deus.

O materialismo reduz o homem a um autómato, sem alma domada e educada que faz dele um mero símbolo aritmético, prisioneiro à fórmula matemática de um universo pouco romântico e muito mecânico. Mas que fundamento tem todo esse vasto universo de matemáticas, sem haver um "Mestre Matemático"?

A ciência pode discorrer sobre a conservação da matéria, porem a obra do Criador torna válida a sustentação das almas humanas - ela preocupa-se com a sua experiência, ligada às realidades espirituais e aos valores eternos.

O sociólogo materialista contemporâneo observa uma comunidade, faz sobre ela um relatório e deixa a população como a encontrou. Há cerca de 2 mil anos, alguns galileus pouco instruídos viram o seu Mestre entregar em sacrifício o seu corpo terreno, como uma contribuição espiritual para a experiência interior do homem. Então os seus continuadores partiram para diversos pontos da Terra, virando do avesso impérios e pujantes ideais religiosos.

Os líderes religiosos, contudo, estão a cometer um enorme erro quando tentam convidar o homem contemporâneo para a batalha espiritual, com um toar medieval de trombetas.

As religiões deviam munir-se de regras novas e não sejam apenas a retórica e a grande magnificência. Sejam sobretudo o exemplo, na verdade e na humildade, para que se não qualifiquem com a prática tão habitual do fariseu.

Nem a democracia, nem qualquer outro elixir político tomarão o lugar do progresso espiritual. As religiões da aldrabice representam uma fuga da fidelidade. Com a sua mensagem o Filho do Homem conduzirá, brevemente, o homem mortal ao princípio de uma realidade eterna de progresso espiritual.

Dizer que a mente "surgiu" da matéria nada explica. Se o universo fosse apenas um mecanismo e a mente uma parte da matéria, nós nunca teríamos duas interpretações diferentes de qualquer ocorrência observadas. Os conceitos da verdade, da beleza e da bondade não são inerentes, seja à física seja à química. E a origem animal do homem não tem audácia e muito menos conhece a verdade, não tem fome de rectidão, nem valoriza a bondade.

A ciência pode ser física, mas a mente do cientista que discerne a verdade é totalmente supra humana. A matéria não conhece a verdade, nem pode amar a clemência, nem se comprazer com as verdades espirituais. As convicções morais baseadas no esclarecimento espiritual, e com raízes na experiência humana, são tão reais e certas quanto as deduções matemáticas baseadas nas observações físicas, mas num nível diferente, mais elevado.

Se os homens não fossem mais do que máquinas, eles reagiriam mais ou menos sistematicamente a um universo material, não existiria a individualidade e muito menos a personalidade.

A existência do mecanismo absoluto do Paraíso, no centro do Universo dos Universos, na presença do querer inqualificável da Segunda Fonte e Centro, torna para sempre autêntico que as causas determinantes não sejam a lei exclusiva do cosmos.

O materialismo existe, mas ele não é exclusivo; o mecanismo existe, mas ele não é inqualificável; o determinismo existe, mas ele não está só.

O universo finito da matéria tornar-se-ia finalmente uniforme e determinista, não fosse a presença combinada da mente e do espírito. A influência da mente cósmica injecta constantemente a própria espontaneidade nos mundos materiais.

A liberdade, ou a iniciativa, em qualquer reino da existência, é directamente proporcional ao grau de influência espiritual e de controlo da mente-cósmica; isto é, na experiência humana, o grau de realidade com que vós fazeis a "vontade do Pai". E assim, uma vez que vós começais a encontrar Deus, esta é a prova conclusiva que Deus já vos encontrou.

A busca sincera da bondade, da beleza e da verdade conduz a Deus. E cada descoberta científica demonstra a existência tanto da liberdade, quanto da uniformidade no Universo. O descobridor estava livre para fazer a descoberta. A coisa descoberta é real e aparentemente uniforme, ou então não poderia tornar-se conhecida como um objecto.

Antão (resumo de uma palestra dada na "Casa do Tear", no dia 26/03/2010)