domingo, 18 de agosto de 2013

Reflexões Doutrinárias

Reino de Fraternidade dos filhos de Deus anunciado pelo Pai Creador deu lugar a um movimento iniciado por Pedro, João e Tiago de Zebedeu, André e Filipe. Embora não tenha sido com má intenção, a verdade é que aquele movimento esteve muito afastado do propósito daquele anúncio e nessas circunstâncias ainda no primeiro século surge o cristianismo. Porém na atualidade não nos deve ocupar tempo as origens das religiões cristãs, mas reflectir um pouco sobre o trajeto da grande mensagem e assim obrigue a repensar qual o “caminho da verdade e da vida”. 


O cristianismo fundado por Paulo na Grécia e onde foi desenvolvido por grande número de prosélitos, foram os próprios gregos quem inspirou Roma, emergindo daí o grande império greco-romano sem um Deus único que servisse como conceito religioso adaptado à adoração do império e à sua unificação espiritual. No primeiro século o império aceitou o cristianismo e o cristianismo aceitou o império. Os romanos proporcionaram um governo político igualado, os gregos uma uniformidade cultural e ensino. O cristianismo era apenas uma proposta para a prática de pensamento religioso, ainda que repleto de tradições. 

No primeiro século… o movimento para a construção do Reino anunciado pelo Pai Creador e nascido da iniciativa de alguns apóstolos em Jerusalém e posteriormente levado até Roma, onde foram assassinados. A remodelação das ideias iniciais foram feitas com a ação de Paulo na Grécia, dando inicio à cristandade que se tinha preparado para criar raízes e se espalhar com rapidez, entretanto, as perseguições feitas em Roma e os martírios a que foram submetidos, levou a que houvesse um atraso enorme a essa evolução. Apesar das perseguições, das quais Paulo fez parte ao serviço de Roma, a força interior dos crentes para construir o Reino não os levou à intimidação nem à diminuição nas lutas pelo seu propósito.


Conquanto a intenção fosse boa ela não estava a ser fiel ao propósito do Pai Creador sobre o movimento exequível conforme os seus ensinamentos e das sugestões dadas para progredirem com essa edificação. No segundo século a impulsão espiritual levou a aceitar o nominativo do cristianismo helenizado que chegou a Roma um pouco tarde, pois não chegou a tempo para impedir a decadência moral já muito avançada, ou para equilibrar a deterioração racial já extensa e crescente. A nova religião era uma necessidade cultural para o império Romano. 

Em Alexandria…durante o primeiro século, a conjuntura não era tão desfavorável. Os primeiros ensinos mantinham muitos dos ensinamentos do Pai Creador e neles não eram exigidos o compromisso e a obediência. Houve mesmo alguns movimentos paralelos muito favoráveis à implementação da mensagem do Reino noutras regiões, assim, Pantaenos instruiu Clemente e este passou a colaborar com Natanael, proclamando a mensagem do Pai Creador a norte da Índia, para onde se deslocou solitário o apóstolo que veio a ser esfolado vivo na Arménia.



O império Romano viveu o tempo suficiente para assegurar a sobrevivência do cristianismo, mesmo depois do colapso do império. Ainda hoje conjecturamos: o que teria acontecido a Roma, aos povos no ocidente e no mundo, caso tivesse sido aceite o Reino da Irmandade Espiritual, em lugar do cristianismo greco-romano?!

A Europa…chegou à idade das trevas com a religião de Roma vergada ao poder e aliada com a política, como aliás sempre esteve. Hoje são um estado dissimulado de religião com as mesmas enfermidades de outros estados, embora mais rico e não ter o encargo de administrar o bem-estar de um povo. Nessa contingência da idade das trevas a religião de Roma ficou sentenciada a compartilhar do declínio intelectual e espiritual desse período na Europa.


Nessa época a religião tornou-se mais monástica, ascética e regimentada. O cristianismo trazido de Roma estava em hibernação. Durante esse período, existiu juntamente com essa religião entorpecida e secularizada uma corrente continua de misticismo, uma experiência espiritual enganosa que beirou a irrealidade, avolumada com o aparecimento dos dogmas.

Nesse século de trevas…e de desespero, de novo a religião passou a ser algo de secundário. O indivíduo encontrava-se quase perdido diante da autoridade tenebrosa da religião. Uma nova ameaça espiritual surgiu na criação de uma enormidade de “santos” os quais, fizeram crer, tinham influência especial junto de entidades do céu, e que, ao apelar de forma convincente para eles, e pagando a petição com bens materiais, seriam capazes de interceder pelo homem perante Deus. Porém ocorrência misteriosa fez com que a cristandade fosse sustentada apenas com o nome de Jesus, e assim sobreviveu durante a longa noite da idade das trevas: a noite da civilização ocidental.


O nome de Jesus – Joshua Ben José em Aramaico - movia-se ainda como uma influência moral no mundo quando do alvorecer da renascença. Depois de passar pela idade das trevas a reabilitação do cristianismo é consequência do advento de numerosas seitas de rumo cristão. As várias crenças adequaram-se a modelos especiais, tais como o intelectivo, o emotivo e o espiritual, por individualidades fora do eclesiástico.

 O século vinte… trouxe ao cristianismo e a todas as outras religiões novos problemas. Quanto maior é a civilização, mais urgente se torna a incumbência de ir em busca de outras realidades que sejam mais concernentes com o avanço do homem para a humanidade e para a verdade, dando continuação ao conhecimento sério sobre a vida para além da morte, não dispensando aprofundar outros conhecimentos e a forma de os transmitir no longo percurso do homem até entender a Vida.


Esta falta de conhecimento tem colocado graves problemas ao avanço do cristianismo, muito em especial para o entendimento do que é o Reino de Fraternidade dos filhos de Deus e seu futuro. Também não deve ser esquecido o homem filho de Deus e seus direitos estabilizados na sociabilidade e na urbanidade, pois são enormes os problemas que atualmente o afligem. A Verdade quando anunciada de forma ambígua torna-se por vezes confusa e mesmo enganosa, quando fragmentada. Há uma Verdade que ensina a quem a procura corretamente, só assim ela poderá ser abrangida.

Século vinte e um… com uma civilização que se diz avançada, ainda testemunhamos ocorrências contraditórias dos que se assumem universais representantes do cristianismo cujo espírito é a humildade, não recusarem os títulos honoríficos de “monsenhor”, “excelência”, “eminência” etc. O grande exemplo dos que dizem servir a Deus, seria com atitudes de lealdade e sem dissimulação, em especial dos que solucionam os problemas de uma religião guiada por mortos-vivos. Interrogo-me o motivo do lançamento na água de coroas de flores para relembrar os mortos, quando segundo eles “estão sentados à direita de Deus”.

O mundo cristão… e os outros, terá que ser constituído por vivos, mas estão doentes pelo efeito de tanta trapaça. Os que quiserem demonstrar a Verdade façam-no com lealdade e a primeira coisa a fazer seria abolir os dogmas, as falsas leis que atribuem a Deus, falar Verdade sobre o Pai Creador e abandonarem os excessos de bens materiais e a magnificência. Empobreça de bens materiais a religião, pois a igreja já é pobre embora rica. A haver na Terra quem queira seguir o ideal do Pai Creador e o interpretar, terão que compreender, antes de tudo, que o seu grande exemplo foi a humildade: própria a um Grande Sábio. 

Antão (Gnóstico Cristão). 24-02-2013