A Páscoa, em Deuteronómio (16) diz: “Guarda o mês de Abibe, e celebra a Páscoa do Senhor, teu Deus, porque no mês de Abibe o Senhor, teu Deus, te tirou do Egito, durante a noite. Então sacrificarás na Páscoa ao Senhor, teu Deus, ovelhas e vacas, no lugar que o Senhor escolher para ali fazer habitar o seu nome”. A Páscoa dos Judeus celebra-se dentro do período de 12 luas cheias, logo a data da festa anual dos cristãos para comemorar a ressurreição de Jesus é concordante com a Páscoa dos Judeus e não com a verdadeira data da Sua morte e o desaparecimento no túmulo do Seu corpo.
Repete-se anualmente em todo o mundo onde existe a religião
romana a representação do martírio e morte daquele homem justo, réu de crimes
que não cometeu. Perturba hoje a retratação dessa imagem de dor nesse ato
perverso promovido por nações que rotulavam de ímpios e de bárbaros outros
povos daquele tempo, arrogando rótulo de civilização. Os cristãos fazem tema ao
conduzir as imagens próprias da quadra e ainda do “Senhor dos Passos”
transportando a própria cruz como há 1976 anos até ao local onde os carrascos o
executaram. O mal é invocado e os cristãos comemoram desde há séculos aquele
calvário sem coerente propósito. Também poderemos tirar inferência dessa
comemoração e possa servir para demonstrar o barbarismo desse crime consumado
por Judeus e Romanos, e ainda porque no ano 324 o imperador romano Constantino,
fundador da Igreja Romana, quisesse assumir a herança da responsabilidade desse
crime que não irá passar sem a justa retidão. Muitos dos que hoje promovem o
simulacro desse ato bárbaro, poderão ter sido as mesmas entidades que estiveram
presentes no largo em frente à fortaleza Antónia - sede do procurador de Roma
em Jerusalém - a gritarem pela libertação de Barrabás, vociferando a pedir a crucificação
do Homem Justo, embora uma semana antes o tenham aclamado com ramos de palmeira.
Dia
6 de Abril do ano 30 depois da ceia entre o Mestre e os apóstolos e depois da
saída de Judas Iscariotes, quando encheram a terceira taça de vinho, o Mestre
pôs-se de pé e, pegando na taça, louvou, dizendo: “ Usai esta taça e bebei
todos dela. Este será o cálice da recordação de mim. Este é o cálice do
benefício de uma nova promessa da graça e da verdade. E será, para vós, o
símbolo da minha outorga e da dádiva do Espírito da Verdade. E eu não beberei
novamente desta taça até que beba de forma diferente e convosco no Reino eterno
do Pai”.
“Sempre
que fizerdes isto, fazei-o em pensamento comigo. E nessa comemoração, primeiro
recordai a minha vida na carne, depois que estive entre vós e, então, pela fé,
podeis saber que todos vós ireis num dia vindouro e distante cear comigo no
Reino eterno do Pai. Esta é a nova Páscoa que deixo para vós, a da memória da
minha vida de outorgamento, a palavra da verdade eterna e do meu amor por vós,
da efusão do meu Espírito da Verdade sobre toda a carne”.
Os apóstolos sentiram que alguma coisa fora do habitual
estava a acontecer, quando beberam desse cálice simbólico em veneração e
profundo silêncio. A velha Páscoa comemorava o desespero dos seus antepassados
em estado de escravidão racial para a liberdade individual. Agora o Mestre
estava a instituir uma nova ceia memorial como
símbolo da uma nova libertação, na qual o indivíduo escravizado emerge do
aprisionamento das cerimónias inúteis e do egoísmo, para a alegria espiritual
da fraternidade e da irmandade dos libertados filhos do Deus vivo.
Depois
de beberem da taça da recordação, o Mestre pegou no pão e após louvar, partiu-o
em pedaços solicitando que o distribuíssem, disse: “Pegai nesse pão da
recordação e comei. Eu vos disse que sou o pão da vida. E este pão da vida, é a
vida na união do Pai e do Filho, em uma só dádiva. A palavra do Pai, conforme
foi revelada no Filho, é de verdade o pão da vida”.
Ao realizar esta ceia, o Mestre, como foi sempre seu
hábito, recorreu a simbolismos. Ele empregou-os porque era sua intenção ensinar
muitas das grandes verdades espirituais e de algum modo tornar difícil a
posteridade em se advogar, delimitando na interpretação o significado mais
vasto das suas palavras. Igualmente ele tentou impedir que gerações sucessivas
cristalizassem o seu ensinamento e acorrentarem os seus significados
espirituais nas correntes mortas da tradição e dos dogmas.
Não obstante o esforço do Pai Criador, em estabelecer o
engrandecimento dessa recordação, na sequência dos que vieram dar continuidade
a esse movimento nos séculos seguintes, instaurou-se uma oposição que expressou
o seu próprio desejo e avassalou. O simbolismo espiritual e simples daquela
noite de 6 de Abril do ano 30 veio a ser reduzido a interpretações rígidas e submetido
ao rigor de um formulário instituído. De todos os ensinamentos do Pai Criador,
nenhum outro se tornou mais padronizado pela tradição.
Esse momento simbólico da ceia da recordação, quando é
compartilhada pelos filhos conhecedores do Pai Criador e Pai do Paraíso, não
precisa ter interpretações erradas e ingénuas explicações desse simbolismo,
quanto ao significado da divina presença, pois em todas essas ocasiões o Pai
Criador está presente verdadeiramente. A ceia da recordação é um
encontro simbólico do crente com o Pai Criador. Quando vós vos tornais assim
conscientes do espírito, o Filho está realmente presente, e o seu espírito
confraterniza-se com a fração residente no homem do seu Pai do Paraíso. O pão e
o vinho que Ele repartiu simbolizam respectivamente “masculino e feminino” da
Deidade, que unidos se tornam o responsável pela unidade eterna.
“Quando fizerdes estas coisas, relembrai-vos da vida que eu
vivi na Terra entre vós e rejubilai, pois eu irei continuar a viver na Terra
mas dentro de vós e servindo por vosso intermédio. Nesse ligamento, como
pessoas, não tenhais disputas entre vós sobre quem será o maior: Sede como
irmãos! E, quando o Reino crescer e abranger grandes grupos de crentes, do
mesmo modo deveríeis abster-vos de disputas pela grandeza e de procurar ser a
preferência entre tais grupos”.
Houve naquele período tantas lições sublimes entregues aos
homens pelo Pai Criador, filho do Pai do Paraíso, que seria de grandíssima
lição para quem queira seguir-lhe o exemplo e se tornar seu discípulo nos
tempos de hoje para o movimento de uma “Nova
Cristandade”, melhor dizendo: Nova caminhada para o Reino patenteada no
testemunho da humilde rendição do Pai Criador para a morte. Foram ditas
palavras sábias horas antes da Sua morte aos discípulos que deveriam ser
enaltecidas, interiorizadas e postas em hábito pessoal e dar exemplo delas;
este deveria ser o modelo digno de um seguidor do Mestre, emancipado da
religião! E passo a descrever as palavras sábias que foram esquecidas e
presumivelmente pouco conhecidas.
“Mediante a minha
presença na carne junto de vós, não sou mais do que um indivíduo no meio de vós
e no mundo. Porém, logo que me desamarre destas vestes de natureza mortal,
serei capaz de retornar em espírito e residir em cada um de vós e em todos os
fiéis crentes na doutrina do Novo Reino”. Deste modo o Pai Criador tornar-se-á
uma encarnação espiritual convertendo as almas
em imortais, de todos os que venham a surgir como verdadeiros crentes.”
“Quando eu regressar para viver em vós e trabalhar como
vosso medianeiro, poderei conduzir-vos melhor nesta vida e guiar-vos
pelas várias moradas na vida futura e no caminho do
céu dos céus. A vida na criação eterna do Pai não é descanso eterno nem torpor,
nem mesmo de comodista tranquilidade, é sobretudo uma progressão incessante na
retidão, na santidade e na Verdade. Cada uma, entre tantas moradas na casa do
meu Pai, é um local de permanência para uma vida destinada a vos preparar para
a seguinte e sucessivamente mais elevada. E assim os filhos da luz irão,
percorrendo as muitas moradas na casa do Pai, até que alcancem o estado divino
no qual estarão espiritualmente perfeitos: Assim como o Pai é perfeito em todas
as coisas”.
“Se quiserdes seguir no caminho que vos revelei, quando eu
vos deixar, reúnam os vossos esforços mais íntegros para viver de acordo com o
espírito dos meus ensinamentos e com a finalidade com que vivi a minha vida –
fazer a vontade do meu Pai. Fazei isso, em vez de tentarem imitar a minha vida
na carne sendo como eu fui, pois eu vim por necessidade e desafiado a viver
como um mortal.”
“O Pai enviou-me a este mundo, mas poucos foram os que
entre vós escolheram receber-me inteiramente. Eu irei verter o meu espírito
sobre toda a carne, no entanto, não serão todos os homens que elegerão receber
esse novo instrutor como guia e conselheiro da alma imortal ou do espírito
residente. Todos os que o receberem serão iluminados, purificados e
confortados. E esse Espírito da Verdade tornar-se-á uma nascente de água viva,
fazendo-os crescer para a vida eterna.”
“E agora, que estou para vos deixar, gostaria de pronunciar
algumas palavras de conforto. Quero que haja paz entre vós e dar-vos
pessoalmente a minha paz. Ofertar estas dádivas não é como o mundo as dá,
avaliando. Eu dou a cada um de vós o que cada um pode receber. Que os vossos
corações não se perturbem e não fiquem temerosos. Eu venci o mundo, e em mim
todos vós ireis triunfar pela fé. Eu preveni-vos de que o Filho do Homem será
morto, mas eu asseguro-vos de que eu retornarei antes de ir para o Pai, ainda
que seja apenas por momentos. E, depois de ter ascendido ao Pai, eu irei
seguramente enviar o novo instrutor para estar convosco e para residir nas
vossas mentes. E quando virdes tudo isso acontecer, não vos desanimeis, deveis
antes de tudo acreditar, porquanto de tudo isso sabíeis de antemão. Eu vos amei
com um grande afeto, e não desejaria deixar-vos, mas é essa a vontade do Pai. A
minha hora é chegada.”
“Não duvideis de nenhuma dessas verdades, mesmo quando
estiverdes dispersos por motivo de perseguições e abatidos por causa de muitos
sofrimentos. Quando sentirdes que estais sós no mundo, eu saberei do vosso
isolamento, do mesmo modo que sabereis dos meus sofrimentos, quando estiverdes
dispersos e em caminhos diferentes, deixando o Filho do Homem nas mãos dos seus
inimigos. Todavia eu nunca estou só; o Pai está sempre comigo. Mesmo em uma
hora como esta, eu pedirei por vós. Eu tudo vos disse para que possais ter paz
e tê-la com muita abundância. Neste mundo vós tereis tribulações, mas tende
coragem e alegria; eu triunfei no mundo e vos mostrei o caminho do júbilo e do
serviço eterno”.
“E agora, meu Pai, eu gostaria de fazer uma prece não
apenas por estes onze homens, mas também por todos os outros que agora crêem,
ou que poderão, de agora em diante, crer no evangelho do Reino através da
palavra do Teu outorgamento futuro. Quero que sejam um, como Tu e eu somos Um.
Tu estás em mim como eu estou em Ti, e eu desejo que estes crentes, do mesmo
modo, estejam em Nós; que os nossos Espíritos habitem neles. Se os meus filhos
forem um, como nós somos Um, e se eles se amarem uns aos outros como eu os
tenho amado, então, todos os homens confirmarão que eu vim de Ti e estarão
dispostos a receber a revelação da verdade e da glória que eu tive: A glória que
Tu me deste, eu a revelei a estes crentes do presente e revelarei aos do
futuro.”
“Tal como Tu viveste comigo em espírito Eu viva com eles e
do mesmo modo fará o novo instrutor que será sempre um com eles e neles. E tudo
isto fiz para que os meus irmãos na carne possam saber que o Pai os ama, como
os ama o Filho e que Tu os ama como me amas a mim. Pai, junta-te a mim para
amparar estes crentes, para que eles possam, muito em breve, vir a estar comigo
na glória e, então, prosseguirem até que se unam a Ti no abraço do Paraíso.
Aqueles que estão comigo na humilhação, eu gostaria de tê-los comigo na
glória, de modo que eles possam ver tudo o que confiaste nas minhas mãos como
colheita eterna da semente do tempo, na semelhança da carne mortal.”
“Eu alimento o desejo de mostrar aos meus irmãos terrenos a
glória que eu tinha Contigo antes do nascimento deste mundo. Este mundo tem
conhecimento insuficiente de Ti, Pai Maravilhoso, mas eu conheço-te, e eu
tornei-te conhecido para estes crentes, e eles farão com que o Teu nome seja
conhecido em muitas outras gerações. E agora eu prometo-lhes que estarás com
eles no mundo como estiveste comigo e também vivi com eles na carne. Assim como
tens sido Um comigo, eu sou também Um com eles.”
Descobrir o Filho do Homem e o Pai Criador que nele vivia
não é percorrendo os caminhos até ao calvário em encenações de atores
ocasionais com produção da igreja romana. Não é na encenação de um crime
hediondo que se celebra uma religião, e o crente não encontra a sua convição
uma vez no ano a soltar lágrimas de tristeza, mas deve fazê-lo diariamente em atos
de fazer a vontade do Pai Criador e nele encontrar as capacidades para
exteriorização sobrenatural. No desejo expresso do Pai Criador está o exercício
pragmático diário daqueles que o querem seguir com verdade.
Antão
(gnóstico) 06-04-2012
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